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CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História

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Ilustração 2 – Desenho representando<br />

família, realizado<br />

pela criança durante o período<br />

de guarda provisória, após 11<br />

meses de acompanhamento<br />

psicológico e 5 meses de convivência<br />

familiar 75 .<br />

<strong>É</strong> importante ressaltar que o segundo desenho foi uma produção espontânea da<br />

criança e nunca tivemos a pretensão de interpretá-lo como uma prova ou produção<br />

gráfica. No entanto, ele parece indicar mudança de um momento de institucionalização<br />

− no qual as relações estabelecidas não propiciam espaço para<br />

expressão de subjetividade e a criança não se sentia ouvida − para um momento<br />

em que a criança estava inserida num outro contexto, no qual a subjetividade<br />

estava presente, de forma que ela podia ser compreendida em suas necessidades<br />

emocionais e sociais.<br />

Evidencia-se no caso exposto que a brevidade do abrigamento prevista no<br />

ECA não aconteceu por inúmeras particularidades. E que, para a reinserção da<br />

criança no convívio familiar e comunitário, foi preciso, acima de tudo, respeitar<br />

seu tempo, que não é o tempo dos adultos, e compreendê-la em sua singularidade.<br />

Compreender que sua negação inicial era reveladora da dificuldade no estabelecimento<br />

de novos vínculos afetivos motivada pela repetição de privação afetiva, e<br />

não uma negação de conviver em família e em comunidade.<br />

Estar diante da criança e da família requer, acima de tudo, um distanciamento<br />

de valores por nós internalizados no que se refere ao conceito de família, ao conceito<br />

de pobreza e, principalmente, ao conceito de vínculos que sejam importantes.<br />

Considerando o pensamento de Sarti (2007), ao mencionar que a família<br />

contemporânea comporta uma enorme elasticidade, mas que, apesar das mudanças<br />

que permeiam a constelação da família brasileira contemporânea, ela ainda<br />

continua sendo alvo de significativas idealizações, nos deparamos com um cenário,<br />

segundo a autora (2007, p. 25), no qual “não se sabe mais, de antemão, o que<br />

é adequado ou inadequado relativamente à família. [...] Como delimitar a família<br />

se as relações entre pais e filhos cada vez menos se resumem ao núcleo conjugal?<br />

Como se dão as relações entre irmãos, filhos de casamentos, divórcios, recasamentos<br />

de casais em situações tão diferenciadas?”.<br />

135<br />

75 Consideramos início do período<br />

de convivência familiar<br />

o primeiro passeio da criança<br />

com a família.

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