CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
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po, ajudar a acessar e construir recursos e capacidades peculiares a cada um que<br />
permitam a superação de seu sofrimento e de suas dificuldades é função do abrigo.<br />
Em continuidade, também é um desafio para todo abrigo favorecer a constituição<br />
de forças e modos de ser e agir, em cada criança e adolescente, que possibilitem sua<br />
inserção social de forma crítica, criativa e construtiva.<br />
Temos então que a atitude e a ação de todo educador ou cuidador é de fundamental<br />
importância para o desenvolvimento de cada criança e cada adolescente.<br />
Não é verdade, portanto, que o adulto assiste ao desenvolvimento de uma criança:<br />
ele participa ativamente, mesmo quando acha que não está interferindo. Todo<br />
educador no abrigo se constitui em um adulto significativo para cada abrigado,<br />
ponto de referência importante na construção de modos de ser, valores, atitudes<br />
e comportamentos que estão em constante processo em cada criança. Como<br />
responsável pela condução do trabalho educativo, o educador é coprodutor dos<br />
resultados que pode obter, e o ponto de partida é sempre fundamental (as ideias<br />
que tem das crianças e dos adolescentes jovens atendidos).<br />
<strong>É</strong> exatamente por isso que os educadores nos abrigos devem ter consciência<br />
da importância de cada ato seu a cada momento, e isto se articula com formação,<br />
reflexão, planejamento, avaliação do projeto educativo, que sempre está em curso<br />
em cada abrigo. Mesmo quando não há planejamento formal ou projeto educativo<br />
claro e escrito, há as ações cotidianas que irão orientar cada criança e adolescente<br />
no seu dia-a-dia no abrigo, e isso sempre interfere na formação e no desenvolvimento<br />
de cada abrigado.<br />
A visão que os educadores têm das crianças e dos adolescentes abrigados,<br />
portanto, vai interferindo nos modos de ser de cada um que está sob seus cuidados.<br />
Se os educadores tendem a ver as crianças como “coitadas”, dignas de piedade,<br />
isto as enfraquece em vez de ajudá-las a desenvolver recursos internos para enfrentar<br />
as situações pelas quais estão passando, como a precoce e indesejada separação<br />
dos familiares, por exemplo. Se, diferentemente disso, a visão que predomina entre<br />
os educadores é a de que os abrigados devem ser gratos por tudo que ali recebem,<br />
essa postura revela que não está claro para esses profissionais que o abrigamento<br />
constitui-se em um direito de toda criança e todo adolescente e não se trata de<br />
caridade, benefício ou assistencialismo.<br />
As capacidades ou potencialidades com as quais cada criança vem ao mundo<br />
precisam da ajuda dos adultos para serem desenvolvidas. Muitos acreditam<br />
em características inatas (“de nascença”), outros enfatizam a influência e o poder<br />
do ambiente e das pessoas que cuidam da criança. O desenvolvimento é fruto da<br />
interação entre as capacidades da criança e da estimulação dos adultos que se relacionam<br />
com ela, assim como do ambiente no qual ela está. Toda criança precisa<br />
ser estimulada para se desenvolver, e isso é responsabilidade dos adultos que dela<br />
cuidam (tanto em casa quanto no abrigo).<br />
Diferentes autores nomeiam de forma distinta os vários componentes do desenvolvimento,<br />
a saber:<br />
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