CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História
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a padronizar comportamentos. As rotinas e atividades devem favorecer o desenvolvimento<br />
de cada criança, respeitadas suas particularidades, e também devem<br />
evitar a discriminação ou estigmatização que muitas vezes é construída a partir<br />
das diferenças. A identidade se constrói na relação com os outros, sendo indissociáveis<br />
os processos de diferenciação na construção da identidade pessoal e os<br />
processos de socialização que conduzem a padrões de identidade coletiva e pertinência<br />
cultural. <strong>É</strong> fundamental para a construção da identidade que as diferenças<br />
ou modos peculiares de ser possam existir e vir a ser expressados, desde que não<br />
prejudiquem a própria criança, ou o próprio adolescente, ou as demais. E este é<br />
um grande desafio para os profissionais que trabalham em abrigos, pois todos têm<br />
os mesmos direitos, mas sempre serão profundamente diferentes entre si, o que<br />
significa que podem ser tratados também de forma diferente em circunstâncias<br />
que assim exijam.<br />
Toda criança é um ser completo e ao mesmo tempo em desenvolvimento<br />
– diversamente das visões anteriores, que viam a criança como ser incompleto, a<br />
menos, ou como um adulto em miniatura, que só precisava da experiência para<br />
chegar à maturidade, na atualidade tenta-se compreender o desenvolvimento humano<br />
como um processo contínuo do nascimento à velhice. Nesta perspectiva, a<br />
infância contém em si a humanidade, significando ainda um momento da vida<br />
em que as mudanças são rápidas e importantíssimas para o desenvolvimento subsequente.<br />
Sujeitos de direitos e sujeitos de conhecimento, as crianças necessitam<br />
que o adulto crie condições para que elas experimentem diferentes interações com<br />
pessoas, objetos e situações, para poder ser, exprimir-se e agir no mundo. As crianças<br />
são curiosas, ativas e capazes, motivadas pela necessidade de ampliar seus conhecimentos<br />
e experiências e de alcançar progressivos graus de autonomia frente<br />
às condições do seu meio.<br />
A criança constrói e apropria-se do conhecimento desde o momento em<br />
que entra em contato com o mundo, com as pessoas e as coisas, isto é, desde o seu<br />
nascimento. Os órgãos dos sentidos são fundamentais para que a criança apreenda<br />
o meio que a cerca e com o qual está se relacionando. O longo, complexo,<br />
prazeroso e por vezes difícil caminho de construção do conhecimento entrelaçase<br />
com o percurso da constituição de um sujeito. <strong>É</strong> por isso que a função educativa<br />
do abrigo tem fundamental importância, pois durante o abrigamento de<br />
uma criança ou um adolescente já está em curso o processo de sua constituição<br />
enquanto sujeito. E uma criança ou um adolescente (e mesmo um adulto) é sempre<br />
um ser que está em formação, tanto objetiva quanto subjetivamente (o que<br />
se pode observar de fora e o que “vai por dentro” de cada um, como modo de ser,<br />
valores e desejos).<br />
Toda criança ou adolescente que vai para um abrigo já passou ou passa por<br />
situações especialmente difíceis – no mínimo a exposição à violência decorrente<br />
da desigualdade social que gera pobreza e miséria –, que certamente deixam marcas<br />
nesse sujeito. Respeitar, levar em conta essa história de vida e, ao mesmo tem-<br />
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