CADA CASO É UM CASO - Instituto Fazendo História

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planejar a melhor estratégia de acolhida e integração da criança e do adolescente. Inclui, inclusive, a preparação das crianças e adolescentes que estão na entidade e de todos os educadores, para que participem da recepção e acolhida da criança e do adolescente recém-chegada ao abrigo. Há situações nas quais grupos de irmãos 62 ou várias crianças procedentes de uma mesma família ou entidade são apresentados ao mesmo tempo ao abrigo, exigindo uma atenção redobrada por parte do recepcionista. Nessas ocasiões, sugerimos que todas as crianças e os adolescentes se apresentem. O fato de estarem na mesma situação não deveria implicar que um, por exemplo, o mais velho, fale em nome de todos os outros. Mesmo que ele seja o primeiro a informar sobre os irmãos ou colegas menores, é relevante que cada um possa, ao menos, dizer seu nome, idade e ter seus dados pessoais registrados individualmente. Em seguida, eles devem ser convidados para conhecerem juntos a entidade, saberem onde e com quem estarão a partir daquele momento – sem serem separados por sexo, idade e outras características 63 . Quando as crianças e os adolescentes vierem transferidos de outro abrigo é importante que sejam acompanhados de relatórios de encaminhamento, com todas as informações e registros de sua passagem pela instituição. Este cuidado permite aos profissionais dos diversos setores de atendimento dar continuidade aos procedimentos, atividades e tratamentos, no estágio em que a criança ou o adolescente se encontrava, evitando-se, assim, recomeçar o atendimento e os registros de dados do zero. No caso específico de crianças e adolescentes que estejam em situação de rua, a acolhida inicial deve fazer parte de uma estratégia de sensibilização para o acolhimento no serviço e construção de vínculo de confiança com o mesmo. Ao longo do processo de trabalho pela saída da rua, além dos aspectos aqui mencionados, deve-se trabalhar também o significado do “estar e não-estar na rua”, expectativas, desejos e temores quanto à retomada do convívio familiar e social, dentre outros aspectos (BRASIL, OIT., 2009, p. 45). A recepção na Casa de Acolhida Novella, de Belo Horizonte (MG) 64 , por exemplo, é feita por uma educadora. “A equipe da Casa observa os sinais físicos de violência e o comportamento da criança. Essas observações são feitas através de um olhar atento e das atividades cotidianas, evitando-se o constrangimento da criança. As outras crianças são chamadas para receber a nova parceira. Estas costumam apresentá-la à Casa, cuidando dela com carinho e interesse, repetindo o modelo dos educadores. Todas as observações são registradas, utilizando-se de um instrumental específico”. 99 62 O ECA recomenda o não desmembramento de grupo de irmãos (artigo 92, item V). 63 O atendimento personalizado e em pequenos grupos deverá desenvolver atividades em regime de coeducação, isto é, para ambos os sexos (ECA, artigo 92, item IV). 64 Prêmio Criança 2004 - Convivência Familiar, Fundação Abrinq.

65 Cadernos do IASP, Pensando a Praticando a socioeducação, Curitiba, 2007, p. 44. 66 O abrigo em entidade é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para a colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade (ECA artigo 101, parágrafo único). PENSE NISSO A criança e o adolescente trazem consigo as marcas de sua vida familiar e institucional. Ouvi-los sobre elas é essencial para que possam se sentir acolhidos e verdadeiramente convidados a se inserir no abrigo. O momento e a forma de entrada na instituição demarcam as possibilidades da saída da entidade. Isto significa que todas as atitudes de recepção são significativas para a qualidade do percurso que a criança e o adolescente poderão ter nas demais etapas do processo de acolhimento. 2. A ACOLHIDA A acolhida corresponde a uma etapa que perpassa as demais, iniciando-se no momento da chegada da criança e do adolescente ao abrigo e se estendendo até sua saída. Não se confunde, portanto, com a recepção, uma vez que vai além dela, implicando, em especial, a formação de vínculos positivos entre os profissionais do abrigo e as crianças e os adolescentes acolhidos 65 . Durante este período de adaptação, tanto os cuidadores e educadores quanto crianças e adolescentes que estão no abrigo devem favorecer a construção de relações afetivas, criação de um ambiente de continência e o desenvolvimento da confiança entre as crianças e os adolescentes acolhidos. Para a Casa de Acolhida Novella, desenvolver uma acolhida significa “expressar cuidado com a pessoa, desenvolver uma avaliação contínua, que permita uma identificação precisa dos problemas, considerando todos os aspectos do desenvolvimento da criança e a sua história de vida”. Trata-se, portanto, da atitude de acolhimento, que é a base para a criação de vínculos. Acolher é papel de toda equipe. Disso decorre que todos os profissionais que entrarem em contato com a criança e o adolescente devem ser capazes de se sensibilizar com este difícil momento de entrada em uma instituição, mesmo que esta não seja de privação de liberdade 66 . É preciso estar atento e observar como a criança e o adolescente estão falando de si, nas diversas formas de expressão: isolamento, silêncio, tristeza, choro, sono, alimentação, ações destrutivas, falas inquietas, pedidos de toque físico, colo ou atenção contínua. PENSE NISSO Estar atento implica em estar aberto e preparado para intervir, ouvir ou simplesmente dizer “estou aqui”! É importante dialogar com a criança e o adolescente enquanto um sujeito de sua própria vida – alguém que pode falar sobre si, perguntar e ser informado sobre tudo o que poderá viver neste local de acolhida. Significa estabelecer bases para uma re- 100

planejar a melhor estratégia de acolhida e integração da criança e do adolescente.<br />

Inclui, inclusive, a preparação das crianças e adolescentes que estão na entidade e<br />

de todos os educadores, para que participem da recepção e acolhida da criança e<br />

do adolescente recém-chegada ao abrigo.<br />

Há situações nas quais grupos de irmãos 62 ou várias crianças procedentes<br />

de uma mesma família ou entidade são apresentados ao mesmo tempo ao abrigo,<br />

exigindo uma atenção redobrada por parte do recepcionista. Nessas ocasiões, sugerimos<br />

que todas as crianças e os adolescentes se apresentem. O fato de estarem<br />

na mesma situação não deveria implicar que um, por exemplo, o mais velho, fale<br />

em nome de todos os outros. Mesmo que ele seja o primeiro a informar sobre os<br />

irmãos ou colegas menores, é relevante que cada um possa, ao menos, dizer seu<br />

nome, idade e ter seus dados pessoais registrados individualmente. Em seguida,<br />

eles devem ser convidados para conhecerem juntos a entidade, saberem onde e<br />

com quem estarão a partir daquele momento – sem serem separados por sexo,<br />

idade e outras características 63 .<br />

Quando as crianças e os adolescentes vierem transferidos de outro abrigo<br />

é importante que sejam acompanhados de relatórios de encaminhamento, com<br />

todas as informações e registros de sua passagem pela instituição. Este cuidado<br />

permite aos profissionais dos diversos setores de atendimento dar continuidade<br />

aos procedimentos, atividades e tratamentos, no estágio em que a criança ou o<br />

adolescente se encontrava, evitando-se, assim, recomeçar o atendimento e os registros<br />

de dados do zero.<br />

No caso específico de crianças e adolescentes que estejam em situação de rua,<br />

a acolhida inicial deve fazer parte de uma estratégia de sensibilização para o acolhimento<br />

no serviço e construção de vínculo de confiança com o mesmo. Ao longo do<br />

processo de trabalho pela saída da rua, além dos aspectos aqui mencionados, deve-se<br />

trabalhar também o significado do “estar e não-estar na rua”, expectativas, desejos<br />

e temores quanto à retomada do convívio familiar e social, dentre outros aspectos<br />

(BRASIL, OIT., 2009, p. 45).<br />

A recepção na Casa de Acolhida Novella, de Belo Horizonte<br />

(MG) 64 , por exemplo, é feita por uma educadora. “A equipe da<br />

Casa observa os sinais físicos de violência e o comportamento<br />

da criança. Essas observações são feitas através de um<br />

olhar atento e das atividades cotidianas, evitando-se o<br />

constrangimento da criança. As outras crianças são chamadas<br />

para receber a nova parceira. Estas costumam apresentá-la<br />

à Casa, cuidando dela com carinho e interesse, repetindo o<br />

modelo dos educadores. Todas as observações são registradas,<br />

utilizando-se de um instrumental específico”.<br />

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62 O ECA recomenda o não<br />

desmembramento de grupo<br />

de irmãos (artigo 92, item V).<br />

63 O atendimento personalizado<br />

e em pequenos grupos<br />

deverá desenvolver atividades<br />

em regime de coeducação,<br />

isto é, para ambos os sexos<br />

(ECA, artigo 92, item IV).<br />

64 Prêmio Criança 2004 -<br />

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