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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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• 1º. recorte: O sintoma que opera <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> selvagem: <strong>do</strong> contingente ao<br />

necessário:<br />

Trata-­‐se, inicialmente, <strong>da</strong> letra no corpo como marca <strong>do</strong> gozo, e suas conseqüências<br />

fantasmáticas. Nagiko, a personagem <strong>do</strong> filme, é cria<strong>da</strong> com uma cena que se repete<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mais tenra infância, no dia <strong>de</strong> seu aniversário: o pai escreve os seguintes dizeres<br />

em seu corpo: Quan<strong>do</strong> Deus fez o primeiro mo<strong>de</strong>lo em barro <strong>de</strong> um ser humano, Ele pintou<br />

os olhos, os lábios e o sexo. Depois, Ele pintou o nome <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> pessoa para que o <strong>do</strong>no<br />

jamais esquecesse. Se Deus aprovou sua criação, Ele trouxe à vi<strong>da</strong> o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> barro<br />

pinta<strong>do</strong>, assinan<strong>do</strong> seu próprio nome. Ao mesmo tempo, a mãe ouvia na vitrola, e cantava,<br />

em man<strong>da</strong>rim, o disco que escutava quan<strong>do</strong> conheceu seu pai. A tia lia para ela, antes <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>rmir, o livro <strong>de</strong> cabeceira <strong>de</strong> Shonogan. Aos 4 anos, Nagiko vê uma cena sexual entre<br />

o pai, um escritor, e seu editor chantagista: cena fantasmática que cristaliza sua posição<br />

a um só tempo excluí<strong>da</strong> e i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> à posição masoquista <strong>do</strong> pai diante <strong>do</strong> editor: mito<br />

familiar <strong>do</strong> neurótico. Aos 6 anos, jura que terá, um dia, seu próprio “Livro <strong>de</strong><br />

Cabeceira”.<br />

Vemos, então, que o gozo <strong>da</strong> lalingua materna, a letra que cifra esse gozo, a<br />

produção <strong>da</strong>s primeiras i<strong>de</strong>ntificações e a verificação fantasmática estão presentes.<br />

Como afirma Lacan na aula <strong>de</strong> 21/01/1975 <strong>do</strong> Seminário RSI, o sintoma é a função <strong>do</strong><br />

sintoma, no senti<strong>do</strong> matemático. E o x <strong>da</strong> função “é o que, <strong>do</strong> Inconsciente, po<strong>de</strong> ser<br />

traduzi<strong>do</strong> por uma letra”. Mas, segun<strong>do</strong> Lacan, “qualquer um é suscetível <strong>de</strong> se escrever<br />

como letra”. Da contingência <strong>da</strong> cifra <strong>de</strong> “qualquer um que para <strong>de</strong> não se escrever”,<br />

entretanto, opera-­‐se, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> selvagem, como ele ensina, algo que passará para a<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> lógica <strong>do</strong> necessário: “o que não cessa <strong>de</strong> se escrever”. No caso <strong>de</strong> nossa<br />

personagem, é a própria escrita no corpo que ocupa o lugar <strong>do</strong> x na “função sintoma”.<br />

• 2º. Recorte: A fantasia: essa ca<strong>de</strong>ia in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong> <strong>de</strong> significações que se chama<br />

<strong>de</strong>stino:<br />

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