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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Elas são imagens e texto, simultaneamente. Po<strong>de</strong>m ser li<strong>da</strong>s como texto e vistas como<br />

imagens”.<br />

Ora, a relação entre o som e a letra e a imagem está no centro <strong>do</strong> interesse <strong>de</strong><br />

Lacan pela língua japonesa que, segun<strong>do</strong> ele, se alimentou <strong>da</strong> escrita. No texto que<br />

apresentei em Roma – “A letra <strong>de</strong> amor no corpo” – tratei <strong>da</strong> relação <strong>da</strong> letra com o<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro e o real no último ensino <strong>de</strong> Lacan. Não será possível retomar aqui essas<br />

elaborações, mas vou resumir brevemente um aspecto <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate a respeito <strong>do</strong> estatuto<br />

<strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> letra para Lacan, que será fun<strong>da</strong>mental para acompanharmos meu<br />

comentário sobre o filme “O livro <strong>de</strong> cabeceira”.<br />

Trata-­‐se <strong>de</strong> in<strong>da</strong>garmos se a advento <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> letra em sua especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

implicaria numa renúncia <strong>de</strong> Lacan à tese <strong>da</strong> primazia <strong>do</strong> significante. Ora, no texto “O<br />

carteiro <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>” (Le facteur <strong>de</strong> la verité, 1971), Derri<strong>da</strong> acusa Lacan <strong>de</strong> pertencer à<br />

tradição i<strong>de</strong>alista <strong>da</strong> filosofia oci<strong>de</strong>ntal, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Platão – o privilégio <strong>da</strong><br />

transmissão oral em <strong>de</strong>trimento <strong>da</strong> escrita. Se vocês se lembrarem, em várias passagens<br />

<strong>do</strong> Seminário 18, Lacan respon<strong>de</strong> às críticas <strong>de</strong> Derri<strong>da</strong>, bem como em Lituraterra em A<br />

Terceira e no Seminário 24.<br />

Também em seu livro A Farmácia <strong>de</strong> Platão, Derri<strong>da</strong> retoma a distinção entre a<br />

fala e a escrita, a partir <strong>do</strong> Fedro <strong>de</strong> Platão. Tradicionalmente concebe-­‐se esse diálogo<br />

como uma con<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> escrita, feita por Sócrates contra os sofistas. Platão retoma, no<br />

Fedro, um <strong>de</strong>bate entre os ora<strong>do</strong>res <strong>da</strong> época, a respeito <strong>da</strong> soberania <strong>da</strong> orali<strong>da</strong><strong>de</strong> ou <strong>da</strong><br />

escrita na possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em Fedro, Sócrates conta para seu<br />

discípulo o mito <strong>do</strong> <strong>de</strong>us Theuth, que levou a escrita para o rei Thamous <strong>do</strong> Egito. Esse<br />

lhe pe<strong>de</strong> que <strong>de</strong>clare a utili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tal <strong>de</strong>scoberta: “um conhecimento (máthema) que<br />

terá por efeito tornar os egipcios mais instruí<strong>do</strong>s e mais aptos para rememorar:<br />

memória e instrução ganham seu remédio (phármakon). Respon<strong>de</strong> Thamous: “Tal coisa<br />

tornará os homens esqueci<strong>do</strong>s, pois <strong>de</strong>ixarão <strong>de</strong> cultivar a memória (...). Transmites uma<br />

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