13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O Livro <strong>de</strong> Cabeceira: <strong>da</strong> escrita como sintoma ao sintoma como letra<br />

Ana Laura Prates Pacheco 1<br />

Inicio esse trabalho com uma questão coloca<strong>da</strong> por Lacan no Seminário 23: “O<br />

problema to<strong>do</strong> resi<strong>de</strong> nisso – como uma arte po<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> maneira divinatória<br />

substancializar o sinthoma em sua consistência, mas também em sua ex-­‐sistência e em<br />

seu furo?” (p 38). É com essa inspiração que contarei com o auxílio <strong>de</strong> um filme <strong>de</strong> Peter<br />

Greenway (1996), chama<strong>do</strong> “O livro <strong>de</strong> cabeceira”, para me aju<strong>da</strong> a transmitir como o<br />

conceito <strong>de</strong> letra no último ensino <strong>de</strong> Lacan permitirá a reformulação <strong>do</strong> lugar <strong>do</strong><br />

sintoma na clínica psicanalítica.<br />

Encontramos aqui uma inspiração <strong>do</strong> cineasta na escrita feminina <strong>do</strong> Japão<br />

ancestral, especificamente na obra <strong>de</strong> Sei Shonagon –“Livro <strong>de</strong> Cabeceira” (Makura –<br />

nosôshi) – escrita no ano 1000. Shonagon era uma <strong>da</strong>ma <strong>da</strong> corte imperial japonesa, que<br />

aju<strong>do</strong>u a criar um gênero literário, caracteriza<strong>do</strong> por crônicas na forma <strong>de</strong> diários<br />

íntimo. Escrevia vários poemas/listas, tais como: “Coisas que fazem o coração bater mais<br />

forte” ou “Lista <strong>de</strong> coisas esplêndi<strong>da</strong>s” e experiências eróticas.<br />

No filme <strong>de</strong> Greenway não há nenhuma pretensão realista como a <strong>do</strong> cineasta<br />

japonês Nagesa Oshima, por exemplo, em “O império <strong>do</strong>s Senti<strong>do</strong>s”. Aqui ao contrário,<br />

tu<strong>do</strong> no filme é como a escrita <strong>de</strong> uma Iluminura. Ca<strong>da</strong> imagem, e mesmo a música, são<br />

cui<strong>da</strong><strong>do</strong>samente <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s, e emaranha<strong>do</strong>s aos caracteres <strong>da</strong> língua japonesa e as<br />

outras línguas que aparecem na tela. Ele comenta: “quis fazer um filme que unisse o<br />

prazer <strong>da</strong> literatura e o prazer <strong>da</strong> carne. Uma <strong>da</strong>s coisas que sempre me fascinou é a<br />

noção <strong>de</strong> que as letras <strong>do</strong> alfabeto japonês são caracteres e significa<strong>do</strong> ao mesmo tempo.<br />

1 AME, Membro <strong>da</strong> <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> <strong>Psicanálise</strong> <strong>do</strong>s Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano – Brasil, Membro <strong>do</strong> Fórum São Paulo<br />

74

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!