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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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<strong>do</strong> sujeito ao inconsciente, pois não há o Nome-­‐<strong>do</strong>-­‐pai. No entanto, o sujeito foi capaz <strong>de</strong><br />

criar um artifício que garantiu o eno<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> estrutura, um Sinthome.<br />

Ou seja, toman<strong>do</strong> o caso Joyce, Lacan pô<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar como esse sujeito se<br />

sustentou sem o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>da</strong> psicose por ser capaz <strong>de</strong> criar um sintoma que lhe<br />

fez as vezes <strong>de</strong>ssa função. Mas o que Lacan <strong>de</strong>monstra também é a operação <strong>do</strong> final <strong>de</strong><br />

análise: o sintoma que subsiste para além <strong>da</strong> crença no inconsciente.<br />

Tomar Joyce é verificar em um sujeito que não foi mordi<strong>do</strong> pelo inconsciente –<br />

um “<strong>de</strong>sabona<strong>do</strong> <strong>do</strong> inconsciente”, como aponta Lacan, como ele foi hábil em operar com<br />

a linguagem prescindin<strong>do</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>compon<strong>do</strong>-­‐a em puro jogo <strong>de</strong> letras e<br />

sons. Ou seja, Joyce trabalhou com a linguagem para além <strong>da</strong> fala com suas significações,<br />

foi ao recurso <strong>da</strong> escrita, à letra, ao ponto on<strong>de</strong> o sintoma já não é mais passível <strong>de</strong> ser<br />

analisa<strong>do</strong>. Joyce mostrou com to<strong>do</strong> o seu trabalho com a letra, saber fazer com isso. Foi<br />

isso que causou sobremaneira o interesse <strong>de</strong> Lacan, pois, como ele o afirma: “que alguém<br />

faça disso um uso prodigioso, interroga por si o que diz respeito à linguagem” 6 .<br />

Ou seja, como o homem, <strong>do</strong>ente <strong>da</strong> linguagem, cativo <strong>do</strong> imaginário que nos leva<br />

ao <strong>de</strong>stino inelutável <strong>da</strong> <strong>de</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong> mental por sempre <strong>da</strong>rmos senti<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> usar<br />

a linguagem justamente no ponto <strong>de</strong> operar com seu osso, com a letra, seu ponto<br />

mínimo, <strong>de</strong> maneira assim, <strong>de</strong>sconecta<strong>da</strong> <strong>do</strong> inconsciente? Isso concerne ao final <strong>da</strong><br />

análise, nos afirma Lacan, e Joyce <strong>de</strong>monstra a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa operação.<br />

O final <strong>de</strong> análise leva o sujeito a modificar sua relação com o inconsciente,<br />

levan<strong>do</strong>-­‐o, portanto, a conseguir operar com a linguagem <strong>de</strong> outra maneira. Concerne ao<br />

final <strong>de</strong> análise, então, um efeito <strong>de</strong> escrita.<br />

6 Conf. Joyce, o Sintoma” Sem. 23. p. 162].<br />

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