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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Mas, o sujeito po<strong>de</strong> entrar em análise, ele po<strong>de</strong> se tornar dócil ao discurso<br />

analítico e querer saber um pouco <strong>do</strong> que o <strong>de</strong>termina. Aí então sim, ele po<strong>de</strong>rá vir a<br />

consentir com a castração. A meu ver, isso só advém mesmo é ao final <strong>da</strong> análise, ao<br />

consentir com uma per<strong>da</strong> <strong>de</strong> gozo. Assim é que ele po<strong>de</strong> vir a consentir com a escolha <strong>de</strong><br />

A, e consentir com a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> B, ou vice-­‐versa. Po<strong>de</strong>r per<strong>de</strong>r -­‐ a essa posição, a meu ver,<br />

só o discurso analítico po<strong>de</strong> levar um sujeito. Ao permitir a ele subjetivar a falta, in<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

per<strong>da</strong> à causa <strong>do</strong> <strong>de</strong>sejo. Ali on<strong>de</strong> o sujeito po<strong>de</strong> sustentar o <strong>de</strong>sejo como o vazio <strong>de</strong><br />

objeto, puro wunch.<br />

Os outros discursos apontam sempre soluções <strong>de</strong> tamponamento para a falta<br />

estrutural <strong>do</strong> sujeito. Aju<strong>da</strong>m a burlar a castração. Por isso Lacan diz que tu<strong>do</strong> concorre<br />

para a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> sujeito, para que tu<strong>do</strong> se mantenha e para que ele se repita. A<br />

tecnociência promete sempre: se não está satisfeito é porque você ain<strong>da</strong> não escolheu C<br />

ou D. E aí o alfabeto é infinito. Sempre há um novo objeto sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> forno. Aquele, sim,<br />

vai te fazer feliz. Felici<strong>da</strong><strong>de</strong> postiça? É a partir <strong>do</strong> consumo ávi<strong>do</strong> <strong>de</strong>sses objetos que<br />

Freud fala no “Mal estar na civilização” que assim, o sujeito chega a se tornar “uma<br />

espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>us <strong>de</strong> prótese (...) coberto por to<strong>do</strong>s os complementos artificiais que lhe<br />

dão ares <strong>de</strong> ser magnífico”.<br />

Mas, Lacan, na conferência à imprensa nos chama a atenção para uma questão<br />

importante: ‘embora essas engenhocas comam a gente, isso acontece porque a gente se<br />

<strong>de</strong>ixa consumir’. E ele nos diz: “por isso não estou entre os alarmistas nem os<br />

angustia<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> nos saciarmos, pararemos com isso, e nos ocuparemos <strong>da</strong>s<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras coisas, ou seja, <strong>da</strong> religião”. Pois, o discurso religioso, ao contrário <strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

ciência, não só promete, esse cumpre a função <strong>de</strong> tamponamento <strong>da</strong> castração ao <strong>da</strong>r<br />

senti<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong>. Por isso Lacan diz: “São capazes <strong>de</strong> <strong>da</strong>r um senti<strong>do</strong> a qualquer coisa, até<br />

um senti<strong>do</strong> à vi<strong>da</strong> humana, por exemplo”.<br />

E o futuro <strong>da</strong> psicanálise, nos diz Lacan, <strong>de</strong> maneira enfática, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> que<br />

acontecerá aí nesses discursos. Pois tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o real insista. E <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>,<br />

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