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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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con<strong>de</strong>nsa o traumatismo <strong>de</strong> lalíngua e o sinthoma-­‐nome que lhe permite entrar na polis<br />

como Mestre <strong>da</strong>s letras.<br />

Ora, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que Lacan en<strong>de</strong>reçou a Jenny Aubry sua “Nota sobre a criança”, em<br />

1969, fomos conduzi<strong>do</strong>s a pensar a transmissão <strong>do</strong>s pais aos filhos em termos <strong>de</strong><br />

resposta sintomática, a qual, mais <strong>do</strong> que a i<strong>de</strong>ntificação, <strong>de</strong>svela a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

geração. Isto porque o sintoma implica a relação e não a equivalência. (Morel, 2009,<br />

p.63)<br />

Como o sintoma <strong>da</strong> criança é uma resposta particular ao <strong>de</strong>sejo <strong>do</strong>s pais que<br />

presidiu seu nascimento, o qual é alimenta<strong>do</strong> pelos sintomas <strong>de</strong>les, os sintomas <strong>da</strong>s<br />

crianças prolongam os <strong>do</strong>s pais, corrigem seus <strong>de</strong>sejos, criam o que era até então<br />

inédito. Nesse caso, estamos bem longe <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ntificação e <strong>do</strong>s egos “eguais”. Porém, na<br />

impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> um sintoma inédito, ain<strong>da</strong> assim um prolongamento<br />

sintomático po<strong>de</strong> unir, como laço <strong>de</strong> amor, duas ou mais gerações <strong>de</strong> uma mesma<br />

família. Eis como Lacan interpreta a relação entre Joyce e sua filha Lucia.<br />

O episódio nos é mais ou menos conheci<strong>do</strong>: trata-­‐se <strong>de</strong> uma consulta a Jung, o<br />

qual diagnostica Lucia como esquizofrênica e conclui literalmente que a relação pai-­‐<br />

filha, nesse caso, é <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>da</strong> i<strong>de</strong>ntificação. Em suas palavras: “... A anima <strong>de</strong> Joyce, sua<br />

psychè inconsciente estava tão soli<strong>da</strong>mente i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> com sua filha que, admitir<br />

interditá-­‐la, teria si<strong>do</strong> admitir que ele próprio tinha uma psicose latente. Por isso é<br />

compreensível que ele não pu<strong>de</strong>sse ce<strong>de</strong>r. Seu estilo “psicológico” é sem dúvi<strong>da</strong><br />

esquizofrênico, com a diferença, porém, <strong>de</strong> que o paciente comum não consegue evitar<br />

<strong>de</strong> falar e pensar <strong>de</strong>ssa maneira, enquanto Joyce o controlava e, mais ain<strong>da</strong>, o<br />

<strong>de</strong>senvolvia com to<strong>da</strong>s as suas forças criativas, o que explica por que ele próprio não<br />

ultrapassava a linha. Mas sua filha ultrapassou, porque não era um gênio como o pai,<br />

mas uma vítima <strong>de</strong> sua <strong>do</strong>ença.” (cita<strong>do</strong> por Ellmann,1989, p.837)<br />

Para Lacan, é possível observar nas cartas escritas por Joyce que ele consi<strong>de</strong>ra a<br />

filha muito mais inteligente que to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e acredita que ela o informa <strong>de</strong> coisas que<br />

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