13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

jogo – citan<strong>do</strong> Lacan <strong>de</strong> Radiofonia - entre o consciente e o inconsciente, entre o senti<strong>do</strong> e o<br />

não-senti<strong>do</strong>, entre a presença recalcante <strong>da</strong> razão e o retorno <strong>do</strong> recalca<strong>do</strong>”. 12<br />

Mas o relacionamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong> menino com o pai é ambivalente, o pai é o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação. E também por ele se tem amor sexual. A fantasia ‘uma criança é bati<strong>da</strong>’ mostra<br />

isso. E também se tem ternura por ele É isso que permitirá ao menino preservar sua<br />

masculini<strong>da</strong><strong>de</strong>, alega Freud. Lacan afirma que essa virili<strong>da</strong><strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um semblante<br />

ridículo, mas o menino precisará <strong>de</strong>ssa i<strong>de</strong>ntificação metafórica com a imagem <strong>do</strong> pai. Esse<br />

“pequeno macho”, continua Lacan, tem guar<strong>da</strong><strong>da</strong> essa i<strong>de</strong>ntificação, para no futuro sacar seus<br />

<strong>do</strong>cumentos’ 13 .<br />

Toman<strong>do</strong> Dostoievski como um caso clínico, Freud explica um agravante em sua<br />

neurose: uma forte disposição bissexual. Pela ameaça <strong>da</strong> castração, ele, menino, se inclinou<br />

fortemente no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> feminili<strong>da</strong><strong>de</strong> 14 . “O menino enten<strong>de</strong> que também <strong>de</strong>ve submeter-se à<br />

castração, se <strong>de</strong>seja ser ama<strong>do</strong> pelo pai como se fosse uma mulher.” Dessa maneira, o amor e<br />

o ódio ao pai, igualmente, experimentan repressão, como um homossexualismo latente, dirá<br />

Freud 15 . Enfim, Dostoievski tem, segun<strong>do</strong> Freud, um componente feminino especialmente<br />

intenso. E meu paciente também.<br />

A incompetência <strong>de</strong> bancar o homem para uma mulher<br />

Se a pergunta <strong>do</strong> homem histérico é a mesma que <strong>da</strong> mulher histérica – sou homem<br />

ou mulher? – as respostas <strong>de</strong> sua neurose são mais <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>ras. Essa é a explicação <strong>de</strong> Maria<br />

Anita Carneiro Ribeiro, no artigo “O que é um homem?”. Continuo citan<strong>do</strong>-a: “Na<strong>da</strong> impe<strong>de</strong><br />

que uma histérica frígi<strong>da</strong>, com asco ao ato sexual, a ele se submeta, pensan<strong>do</strong> em outra coisa e<br />

manten<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sejo insatisfeito. Para o homem histérico, entretanto, que é, como homem,<br />

embaraça<strong>do</strong> por esse ‘penduricalho’, como diz Lacan, a falha na performance fálica <strong>de</strong>ixa a<br />

12 Lacan, J. Radiofonia (1970). Outros escritos. RJ: JZEditor, 2003, p. 414.<br />

13 Lacan, J. O seminário, livro V: as formações <strong>do</strong> inconsciente (1957-­‐58). RJ: JZEditor, 1998, p. 201.<br />

14 Freud, S. Dostoievki e o parricídio (1928). ESB, vol. XXI. RJ: Imago Editora, 1976, p. 212.<br />

15 Ibid, p. 213.<br />

47

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!