13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

sen<strong>do</strong> espanca<strong>do</strong> pelo meu pai’, correspon<strong>de</strong>, nas meninas, ao ‘vejo um menino sen<strong>do</strong><br />

espanca<strong>do</strong>’.<br />

A fantasia <strong>do</strong> menino é masoquista <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, marca Freud. Ele não <strong>encontro</strong>u<br />

uma primeira fase sádica, como nas mulheres e “<strong>de</strong>riva <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> feminina em relação<br />

ao pai” 8 . Na menina, parte <strong>de</strong> uma situação edipiana normal; no menino, <strong>de</strong> uma situação<br />

inverti<strong>da</strong>, no qual o pai é toma<strong>do</strong> como objeto <strong>de</strong> amor.<br />

Neste último caso, a passivi<strong>da</strong><strong>de</strong> é maior <strong>do</strong> que nos outros. Não há irritabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

contra o pai.. O pai é aquele que “o salva”. Ele “apronta” nos jogos <strong>de</strong> azar, em outras<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, para o pai ir buscá-lo. É um joga<strong>do</strong>r invetera<strong>do</strong>, como Dostoievski, porém sem suas<br />

crises epiléticas – histeroepilepsia, nomeia Freud. Porém esse paciente apresenta uma inibição<br />

motora – cataple<strong>xi</strong>a narcoléptica, segun<strong>do</strong> a psiquiatria - entre acor<strong>da</strong><strong>do</strong> e <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>, sente<br />

que sua menta está viva e o corpo morto, passa segun<strong>do</strong>s sem conseguir mexer o corpo. “A<br />

sensação é <strong>de</strong> estar morren<strong>do</strong>, ou já estar morto e não saber”.<br />

Tal como no caso <strong>de</strong> Dostoievski, suas crises tem o valor <strong>de</strong> uma punição 9 . Freud<br />

escreve que essas crises semelhantes à morte – já tinha fala<strong>do</strong> sobre elas na Carta 58 a Fliess –<br />

refletem o seguinte <strong>de</strong>sejo: “Quisemos que outra pessoa morresse; agora somos nós essa outra<br />

pessoa e estamos mortos. Nesse ponto a teoria psicanalítica introduz a afirmação <strong>de</strong> que, para<br />

um menino, essa outra pessoa geralmente é o pai e <strong>de</strong> que a crise constitui assim uma<br />

autopunição por um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> morte contra um pai odia<strong>do</strong>”. 10 E explica que a punição <strong>do</strong><br />

supereu funciona assim: “Você queria matar seu pai, a fim <strong>de</strong> ser você mesmo o pai. Agora<br />

você é seu pai, mas um pai morto”. 11<br />

Nas “crises <strong>de</strong> morte” encena sua vertente <strong>de</strong> ódio ao pai, encena em seu corpo.<br />

Como Antonio Quinet escreve em Histerias, “o histérico oferece seu corpo como cama e mesa<br />

<strong>do</strong> Outro e diz sirva-se! Seu corpo é erogeneiza<strong>do</strong> pelo Outro. O corpo é também a mesa <strong>de</strong><br />

8 Ibid, p. 247.<br />

9 Freud, S. Dostoievki e o parricídio (1928). ESB, vol. XXI. RJ: Imago Editora, 1976, p. 211.<br />

10 Ibid, p. 211.<br />

11 Ibid, p. 214.<br />

46

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!