13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

lhe serve para “avaliar o papel <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pela diferença <strong>de</strong> sexo na dinâmica <strong>da</strong><br />

neurose”. 3<br />

Os exemplos <strong>da</strong> clínica<br />

Caso 1: Este homem procura a análise, pois tinha rompi<strong>do</strong> com sua analista que tentava<br />

controlá-lo. Apresenta muitos sintomas conversivos e sua posição é <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciar a falta <strong>do</strong><br />

Outro. Diante <strong>de</strong> um Outro que espera que ele pague a conta, ele fala não. Assim, seu drama<br />

não é dizer não às <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s freqüentes <strong>de</strong> sua esposa, mas saber por que está com ela, com<br />

essa mulher ‘perdi<strong>da</strong>’, que não sabe quem é e nem o que quer. Por vezes tem os mesmos<br />

sintomas <strong>de</strong> sua mulher: náuseas, enjôos, <strong>do</strong>r <strong>de</strong> estômago. Mas nesse momento sua análise<br />

centra-se na relação com seu orienta<strong>do</strong>r, esse homem ‘quase cruel’ que o criticava como seu<br />

pai o criticava. Quan<strong>do</strong> ele mostrava seus erros, sentia-se incapaz. E enquanto o orienta<strong>do</strong>r<br />

falava, lembrava <strong>de</strong>le próprio, menino ain<strong>da</strong>, fazen<strong>do</strong> as tarefas com o pai e ele lhe dizen<strong>do</strong><br />

‘você vai estu<strong>da</strong>r mais, senão vou te bater’. E atualmente, durante essas orientações, sente um<br />

torpor pelo corpo. Vai para casa, enquanto dirige sente uma leve náusea. Dias atrás, quan<strong>do</strong><br />

entrava em casa, <strong>de</strong>smaiou, acor<strong>do</strong>u segun<strong>do</strong>s <strong>de</strong>pois, com o corpo <strong>do</strong>í<strong>do</strong> como quem leva<br />

uma surra.<br />

Não apenas com o orienta<strong>do</strong>r ele encena o espancamento paterno prometi<strong>do</strong> em sua<br />

infância, mas tem sintomas que se assemelham aos <strong>de</strong> uma mulher grávi<strong>da</strong>. Ele não fez essa<br />

relação, mas talvez copian<strong>do</strong> os sintomas <strong>de</strong> sua mulher, ensaie uma resposta <strong>do</strong> que ela quer<br />

e ain<strong>da</strong> não sabe: um filho. Como <strong>da</strong>r um filho a uma mulher se sua fantasia está construí<strong>da</strong><br />

para dizer não a to<strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>do</strong> Outro? E, também, a partir <strong>da</strong> encenação <strong>do</strong>s sintomas <strong>de</strong><br />

sua mulher, coloca sua questão: sou homem ou mulher? Sou capaz <strong>de</strong> procriar? Fazen<strong>do</strong> uma<br />

analogia com o caso clínico <strong>de</strong>scrito por Michael Joseph Eissler, e que Lacan comenta no<br />

Seminário III, as psicoses. 4<br />

3 Ibid, p.239.<br />

4 Lacan, J. “O seminário, livro 3: as psicoses”. Rio <strong>de</strong> janeiro: JZEditor, 1985.<br />

43

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!