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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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mas não tem na<strong>da</strong> a ver. Eu só bebo água, porque estou sempre sem dinheiro, bem que<br />

gosto <strong>de</strong> um vinho. Agora, estou compran<strong>do</strong> pinturas e cílios postiços, vou me maquiar<br />

para sair na night”. O que você preten<strong>de</strong>? – in<strong>da</strong>ga a analista. “Parecer uma mulher com<br />

um corpo <strong>de</strong> homem”. Lacan (1985[1955-­‐56], p. 204) ressalta que: “nos sintomas<br />

histéricos, é sempre <strong>de</strong> uma anatomia imaginária que se trata”. Cabe aqui uma questão<br />

diagnóstica: No caso, estaríamos diante <strong>de</strong> um <strong>de</strong>smenti<strong>do</strong> <strong>da</strong> castração ou <strong>do</strong> recalque?<br />

De uma neurose ou perversão? Lacan (1956-­‐57, p. 121), ao citar a tese freudiana <strong>de</strong> que<br />

a perversão é o negativo <strong>da</strong> neurose, marca a diferença entre o mecanismo <strong>de</strong> um<br />

fenômeno perverso e a perversão categórica, chaman<strong>do</strong> atenção <strong>de</strong> que o mol<strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

perversão se forma a partir <strong>da</strong> valorização <strong>da</strong> imagem.<br />

“Você sabe, eu gosto <strong>de</strong> ser homem, mas não gosto <strong>de</strong> homem, eles não prestam. O<br />

único homem que eu amei foi meu pai, mesmo assim ele me aban<strong>do</strong>nou, nunca se<br />

preocupou comigo. Talvez, se ele não tivesse i<strong>do</strong> embora, eu seria diferente”. Por quê?<br />

“Eu acho que não teria coragem <strong>de</strong> <strong>de</strong>cepcioná-­‐lo”. Em “A dissolução <strong>do</strong> complexo <strong>de</strong><br />

Édipo”, Freud teoriza que há duas saí<strong>da</strong>s para o complexo <strong>de</strong> Édipo: uma satisfação<br />

ativa, e outra passiva. Na primeira, a criança po<strong>de</strong>ria colocar-­‐se no lugar <strong>de</strong> seu pai, à<br />

maneira masculina, e ter relações com a mãe, tal como o pai, sen<strong>do</strong> que este ocuparia um<br />

lugar <strong>de</strong> estorvo. Na segun<strong>da</strong>, a criança po<strong>de</strong>ria assumir o lugar <strong>da</strong> mãe e ser ama<strong>da</strong> pelo<br />

pai.<br />

O paciente agora apresenta o projeto <strong>de</strong> trabalhar como cabeleireiro ou com mo<strong>da</strong>:<br />

“Não sou uma bichinha <strong>do</strong>méstica, não suporto trabalho <strong>de</strong> casa. Também não consigo<br />

apren<strong>de</strong>r na<strong>da</strong> na escola, mas tenho vergonha <strong>de</strong> dizer que ain<strong>da</strong> estou no primeiro<br />

grau”.<br />

O trabalho analítico é difícil porque o paciente falta às sessões, per<strong>de</strong> ou esquece a<br />

hora. Na clínica psicanalítica com a<strong>do</strong>lescentes, o tratamento costuma ser cheio <strong>de</strong><br />

impedimentos e resistências, visto que o jovem interpreta a análise como mais uma<br />

imposição <strong>do</strong>s pais. Apesar <strong>do</strong>s avatares, sempre é possível um trabalho se a<br />

transferência tiver si<strong>do</strong> estabeleci<strong>da</strong>. Nesse caso, o jovem vai e vem, mas sempre retorna<br />

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