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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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que o passe só po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um fracasso se for toma<strong>do</strong> por aquilo que ele<br />

não é: um dispositivo consistente. Quem entra no passe em busca <strong>da</strong> nomeação<br />

como uma confirmação vin<strong>da</strong> <strong>do</strong> Outro, tem uma chance muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>cepcionar. A espera <strong>da</strong> nomeação em qualquer passante é patente, mas não pela<br />

via <strong>da</strong> chancela, e sim pela própria convicção íntima que implica a <strong>de</strong>cisão causa<strong>da</strong><br />

pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> testemunhar.<br />

O que po<strong>de</strong> o passe oferecer, então, aos esparsos disparata<strong>do</strong>s? Voltemos à<br />

idéia <strong>de</strong> experiência e <strong>de</strong>ixemos falar nossa colega espanhola Maria Luisa <strong>de</strong> la<br />

Oliva, esparsa disparata<strong>da</strong> que não foi nomea<strong>da</strong>. Sobre sua experiência, ela diz:<br />

Posso dizer que haver passa<strong>do</strong> pela experiência <strong>do</strong> passe,<br />

haver atravessa<strong>do</strong> a experiência, me iluminou um certo setor<br />

<strong>de</strong> sombras <strong>da</strong> minha análise. O passe, como dispositivo que<br />

produz efeitos subjetivos em to<strong>do</strong> sujeito que faz a<br />

experiência, não <strong>de</strong>veria então reduzir-­‐se à resposta <strong>do</strong> cartel<br />

enquanto a se há ou não nomeação. O que esperava Lacan <strong>do</strong><br />

dispositivo era, antes, efeitos <strong>de</strong> transmissão <strong>do</strong> mesmo no<br />

coletivo analítico.<br />

Ora, experiência e transmissão são quase antinômico; <strong>da</strong>í a ousadia <strong>de</strong><br />

Lacan <strong>de</strong> articulá-­‐los no passe. Como afirma a própria Maria Luisa <strong>de</strong> la Oliva, em<br />

seu belo texto “A escrita e/ou a vi<strong>da</strong>” publica<strong>do</strong> na revista Stylus n. 19, no qual<br />

comenta exatamente o livro <strong>de</strong> Jorge Seprum com o qual comecei este texto: “há<br />

um impossível na transmissão, ou também se po<strong>de</strong> dizer que a transmissão é<br />

precisamente a <strong>do</strong> impossível. (p. 36)<br />

Sen<strong>do</strong> assim, eu diria que Lacan, assim como Guimarães Rosa, propõe um<br />

dispositivo que é “não-­‐to<strong>do</strong>” e, assim sen<strong>do</strong>, é também Nona<strong>da</strong>. Nona<strong>da</strong> é não-­‐<br />

na<strong>da</strong>, negação <strong>do</strong> “to<strong>do</strong> na<strong>da</strong>”. Um tiquinho <strong>de</strong> na<strong>da</strong> que nos permita testemunhar<br />

sobre essa aventura singular que é uma análise, sua extraordinária eficácia a suas<br />

conseqüências inéditas. Termino, então, respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a André Weil, com a fala <strong>de</strong><br />

Riobal<strong>do</strong>, ao terminar seu <strong>de</strong>poimento, no final <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> sertão: Amável senhor<br />

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