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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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mostrar e <strong>de</strong>monstrar está niti<strong>da</strong>mente separa<strong>da</strong>. Uma vez<br />

que isso fosse <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>, seria fácil mostrá-­‐lo para vocês.<br />

(LACAN, op. Cit. p. 43)<br />

E, efetivamente, como Lacan anuncia na aula seguinte, naquela mesma noite<br />

Soury e Thomé apareceram na casa <strong>de</strong> <strong>de</strong>le com o famigera<strong>do</strong> nó.<br />

Vejam, portanto, que Lacan transmite <strong>de</strong> forma precisa, através <strong>de</strong>ssa<br />

pequena ane<strong>do</strong>ta borromeana, a relação entre mostração e <strong>de</strong>monstração.<br />

Po<strong>de</strong>ríamos supor aqui um retorno <strong>de</strong> Lacan a Wittegenstein, que propunha que<br />

aquilo que não pu<strong>de</strong>sse ser <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>, <strong>de</strong>veria apenas ser mostra<strong>do</strong>, em<br />

silêncio. Seria a mostração <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um “mutismo aflito”, como disse Colette<br />

Soler?<br />

Não me parece que seja essa a proposta <strong>de</strong> Lacan. Mas, por outro la<strong>do</strong>,<br />

também não estamos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>da</strong> pura <strong>de</strong>monstração <strong>do</strong> impossível. A articulação<br />

muito peculiar que a psicanálise propõe, com o dispositivo <strong>do</strong> passe, entre<br />

<strong>de</strong>monstração e mostração, me parece possível graças ao fato <strong>de</strong> que, ao contrário<br />

<strong>da</strong> lógica, a psicanálise não po<strong>de</strong> forcluir <strong>de</strong> to<strong>do</strong> a Ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, ain<strong>da</strong> que mentirosa,<br />

ou, como ele afirma no Prefácio <strong>da</strong> edição inglesa <strong>do</strong> Seminário 11 em 1976:<br />

Don<strong>de</strong> eu haver <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> por passe essa verificação <strong>da</strong><br />

historisterização <strong>da</strong> análise, absten<strong>do</strong>-­‐me <strong>de</strong> impor esse passe<br />

a to<strong>do</strong>s, porque não há to<strong>do</strong>s no caso, mas esparsos<br />

<strong>de</strong>sparata<strong>do</strong>s. Deixei-­‐o à disposição <strong>da</strong>queles que se arriscam<br />

a testemunhar <strong>da</strong> melhor maneira possível sobre a ver<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

mentirosa<br />

Vejam que Lacan coloca o passe na dimensão <strong>do</strong> risco e, portanto, <strong>da</strong> aposta.<br />

O passe po<strong>de</strong> falhar? Talvez a pergunta esteja mal formula<strong>da</strong>. O passe é falho por<br />

sua própria estrutura. E, se assim não fosse, teríamos finalmente encontra<strong>do</strong> a<br />

última palavra sobre o que é o analista. Lembremos o que dizia Lacan no seminário<br />

23: é graças à falha que inconsciente e real <strong>de</strong> eno<strong>da</strong>m. Assim, po<strong>de</strong>mos concluir<br />

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