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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Gö<strong>de</strong>l mostra com seus teoremas que a aparição <strong>de</strong> para<strong>do</strong>xos<br />

na matemática é inevitável. Para manter a consistência<br />

<strong>de</strong>seja<strong>da</strong> temos <strong>de</strong> expulsá-­‐los <strong>do</strong> sistema, não com a<br />

autori<strong>da</strong><strong>de</strong> policial, mas com a humil<strong>da</strong><strong>de</strong> intelectual <strong>de</strong><br />

reconhecer as próprias limitações <strong>de</strong> um sistema que não<br />

saberá julgar se ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro ou falso, as afirmações veicula<strong>da</strong>s<br />

nos para<strong>do</strong>xos. Estes se tornarão in<strong>de</strong>cidíveis e serão<br />

responsáveis pela consistência <strong>do</strong> sistema matemático. O<br />

preço <strong>de</strong> consistência é a e<strong>xi</strong>stência <strong>de</strong> in<strong>de</strong>cidíveis.<br />

Gö<strong>de</strong>l opera, assim, uma separação radical entre Ver<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

Demonstrabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nas palavras <strong>de</strong> Gabriel Lombardi:<br />

E<strong>xi</strong>stem proposições que não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>duzi<strong>da</strong>s no<br />

sistema, ain<strong>da</strong> se essas mesmas proposições, vistas a partir <strong>do</strong><br />

exterior, resultam intuitivamente ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras. Assim, em vez<br />

<strong>de</strong> pensar que havia que <strong>de</strong>scartá-­‐las, Gö<strong>de</strong>l admitiu que a<br />

contradição e<strong>xi</strong>ste: uma proposição não <strong>de</strong>monstrável em um<br />

sistema lógico-­‐formal po<strong>de</strong> ser ao mesmo tempo ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira<br />

fora <strong>de</strong>le. Há mais coisas entre o simbólico e o real que as que<br />

trama a filosofia <strong>de</strong> uma sinta<strong>xi</strong>s pura. (LOMBARDI, 2008, p.<br />

81).<br />

É o próprio Lombardi (2008) quem diz:<br />

Há aqui uma prova <strong>do</strong> real, que permite uma refun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><br />

matemática a partir <strong>de</strong> suas próprias impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s lógicas<br />

(...). Essa <strong>de</strong>monstração <strong>do</strong> real como impossível não se<br />

consegue mediante a ‘revelação’ <strong>de</strong> uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. Bem ao<br />

contrário, o que encontramos é o ato pelo qual Gö<strong>de</strong>l substitui<br />

a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> por uma noção ‘puramente formal’, <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

to<strong>da</strong> referência exterior ao símbolo. (...) A <strong>de</strong>monstração<br />

gö<strong>de</strong>liana <strong>do</strong> impossível se realiza, então, sobre a base <strong>da</strong><br />

retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> (e também <strong>da</strong> falsi<strong>da</strong><strong>de</strong> entendi<strong>da</strong> como<br />

negação <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>). (p. 97)<br />

Assim, a tese <strong>de</strong> Lombardi (2008) é a <strong>de</strong> que essa Verwerfung confessa <strong>da</strong><br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> permite a Gö<strong>de</strong>l criar a “Ciência <strong>do</strong> Real” na medi<strong>da</strong> em que “o saber já não<br />

é fantasia que interpreta, mas articulação que enlaça <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> novo a<br />

linguagem e o real” (p.104).<br />

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