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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Antes <strong>de</strong> nos precipitarmos a respon<strong>de</strong>r, po<strong>de</strong>mos dizer que o encanto <strong>de</strong><br />

Lacan com Gö<strong>de</strong>l tem a ver exatamente com essa problemática. Talvez possamos<br />

sustentar, com Gabriel Lombardi, que Gö<strong>de</strong>l eleva a lógica à condição <strong>de</strong> “Ciência<br />

<strong>do</strong> Real”. Porque?<br />

Segun<strong>do</strong> o gran<strong>de</strong> matemático <strong>brasil</strong>eiro Newton <strong>da</strong> Costa – cria<strong>do</strong>r <strong>da</strong><br />

lógica para-­‐consistente, “Gö<strong>de</strong>l mostrou que sob condições simples e aceitas como<br />

naturais, a maioria <strong>da</strong>s teorias matemáticas não po<strong>de</strong> ser a<strong>xi</strong>omatiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />

completo.” Ou seja, “as ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s informais <strong>de</strong> uma teoria matemática não são<br />

sucessíveis <strong>de</strong> serem, to<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong>s.” (COSTA, 1985, p. 102).<br />

A partir <strong>de</strong> seu teorema sobre as proposições in<strong>de</strong>cidíveis – ou Teorema <strong>da</strong><br />

incompletu<strong>de</strong> – Gö<strong>de</strong>l conseguiu <strong>de</strong>monstrar, em 1931, que a consistência <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> sistema formal não po<strong>de</strong> ser prova<strong>da</strong> no interior <strong>de</strong>sse mesmo<br />

sistema. Newton <strong>da</strong> Costa (1985) cita, para exemplificar, a frase <strong>de</strong> André Weill:<br />

“Deus e<strong>xi</strong>ste porque a matemática é consistente, mas o diabo também, porque não<br />

po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>monstrar esse fato”. (p. 102)<br />

As proposições in<strong>de</strong>cidíveis, portanto, são aqueles em relação às quais não<br />

se po<strong>de</strong> afirmar nem que sejam ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras, nem que sejam falsas. Segun<strong>do</strong><br />

Ricar<strong>do</strong> Kubrusly, <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Matemática <strong>da</strong> UFRJ:<br />

E ele acrescenta:<br />

Caso admitíssemos a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> nem falso nem<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro, os para<strong>do</strong>xos per<strong>de</strong>riam seu caráter<br />

contraditório para ganhar um certo alheamento. Seriam<br />

remeti<strong>do</strong>s para fora <strong>do</strong> sistema que se sentiria incapaz <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cidir sobre a veraci<strong>da</strong><strong>de</strong> ou falsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> afirmação<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>. O preço <strong>de</strong> nos livrarmos <strong>do</strong>s para<strong>do</strong>xos seria o<br />

reconhecimento, por parte <strong>do</strong> próprio sistema, <strong>de</strong> suas<br />

próprias limitações.<br />

Os para<strong>do</strong>xos indicarão o limite <strong>do</strong>s nossos sistemas se não<br />

quisermos contradições. Há que evitá-­‐los. E como fazê-­‐lo?<br />

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