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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Chaman<strong>do</strong> atenção pelo ônibus com roupas extravagantes, o jovem atravessa a<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> em busca <strong>de</strong> boates e lugares on<strong>de</strong> há festas <strong>de</strong> gays, sem levar em conta a<br />

preocupação <strong>da</strong> mãe que lhe adverte sobre a violência <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Mesmo assim, ele sai<br />

sem preocupar-­‐se com na<strong>da</strong>. “Eu tenho <strong>de</strong> sair, não posso per<strong>de</strong>r tempo, eu não penso<br />

em ficar velho, prefiro morrer a chegar aos trinta anos”. Segun<strong>do</strong> a postulação freudiana,<br />

“a histeria masculina tem a aparência <strong>de</strong> uma <strong>do</strong>ença grave; os sintomas que ela produz<br />

quase sempre são rebel<strong>de</strong>s ao tratamento” (Freud, 1888, p. 95).<br />

Esclarece que sempre vai para o “quarto escuro 3 ” <strong>da</strong> boate e transa com que<br />

estiver ali e que não costuma ficar com ninguém. “Eu não gosto <strong>de</strong> homem, eles não<br />

prestam, esses gays são homens também, isso é a pior raça: são competitivos, querem<br />

sempre <strong>de</strong>rrubar o outro”. Curiosamente, revela: “Gosto mesmo é <strong>de</strong> mulher, elas são o<br />

má<strong>xi</strong>mo, eu procuro imitá-­‐las, quero superá-­‐las, mas sem cair no ridículo <strong>de</strong> amar sem<br />

ser ama<strong>do</strong>. Percebe-­‐se aqui o narcisismo e a i<strong>de</strong>ntificação com as mulheres. Tal qual a<br />

jovem homossexual, ele apresenta uma amargura generaliza<strong>da</strong> pelos homens.<br />

Com muita emoção, o paciente traz para a sessão um pai falho: “Não sei on<strong>de</strong> ele<br />

está, é um alcoólatra”. Rememora sua infância sofri<strong>da</strong>, com a mãe <strong>de</strong>primi<strong>da</strong> e o pai<br />

brigan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa. “Quan<strong>do</strong> eles começavam, eu ia para a rua e fazia sacanagem<br />

com os meninos <strong>da</strong> vila. Era a alegria <strong>da</strong> menina<strong>da</strong>, porque já era um exagera<strong>do</strong>, tinha<br />

uma fila para transar comigo, <strong>de</strong>pois eu sentia nojo e ficava muito triste”.<br />

No “caso Dora”, Freud pontua: “Eu, sem dúvi<strong>da</strong>, consi<strong>de</strong>raria histérica uma pessoa<br />

na qual uma ocasião para a excitação sexual <strong>de</strong>spertasse sensações que fossem,<br />

prepon<strong>de</strong>rante ou exclusivamente, <strong>de</strong>sagradáveis; eu o faria, fosse ou não a pessoa<br />

capaz <strong>de</strong> produzir sintomas somáticos” (Freud, 1905, p. 26). Na tentativa <strong>de</strong> esclarecer<br />

melhor os episódios, a analista pe<strong>de</strong>-­‐lhe que <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bre sua fala: “Será que sou assim por<br />

que meu pai não me olhava? Eu tentava chamar atenção <strong>de</strong>le, queria um pai como to<strong>do</strong>s<br />

3 “Quarto escuro” é o local <strong>de</strong> <strong>encontro</strong> em que os gays transam sexualmente. É costumeiro não haver<br />

reconhecimento <strong>do</strong> parceiro. Segun<strong>do</strong> a fala <strong>do</strong> paciente, esse local funciona como um “vale tu<strong>do</strong>”.<br />

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