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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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encaminhamento, estava cursan<strong>do</strong> a sexta série <strong>do</strong> primeiro grau, numa escola<br />

municipal.<br />

A mãe revela que ficou <strong>do</strong>ente durante anos, com uma <strong>de</strong>pressão que lhe jogava na<br />

cama, não ten<strong>do</strong> cui<strong>da</strong><strong>do</strong> direito <strong>do</strong>s filhos. Diz também que o alcoolismo <strong>do</strong> mari<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>rrubou-­‐lhe e que não teve escolha: man<strong>do</strong>u-­‐o embora. Ela interroga-­‐se: “Será que isso<br />

que acontece com meu filho é falta <strong>de</strong> pai?” Para o sujeito histérico, há um<br />

reconhecimento <strong>da</strong> falha, <strong>da</strong> impotência <strong>do</strong> pai. Isso não quer dizer que ele <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong><br />

ostentar os títulos simbólicos <strong>de</strong> pai, “mas, como um ex-­‐combatente, tem os títulos, mas<br />

está fora <strong>de</strong> combate” (Kaufmann, 1998, p. 249).<br />

O jovem chega atrasa<strong>do</strong> para a sessão, a primeira impressão choca, percebe-­‐se um<br />

corpo <strong>de</strong> menino <strong>de</strong> 12 anos em um jovem <strong>de</strong> 18 anos, extremamente magro. Com voz<br />

<strong>de</strong> criança, olhar fugidio, afirma: “Não sei se você percebeu, mas eu sou um gay”. Revela<br />

que já havia feito a sua opção sexual, o que lhe trazia problemas em casa. Costumava<br />

freqüentar boate gay, casa <strong>de</strong> orgia, e que saia com qualquer um, além <strong>de</strong> “baixar<br />

também no Aterro <strong>do</strong> Flamengo”, embora isso fosse reprova<strong>do</strong> pelos amigos. O paciente<br />

explica: “Gosto <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> escan<strong>da</strong>loso, gosto <strong>de</strong> <strong>da</strong>r na pinta; quan<strong>do</strong> chego, eu arraso, não<br />

me incomo<strong>do</strong> que me chamem <strong>de</strong> bichinha quá-­‐quá-­‐quá” 2 .<br />

A teoria freudiana <strong>de</strong> 1888 postula que nos sintomas <strong>da</strong> histeria po<strong>de</strong> ser<br />

observa<strong>da</strong> uma série <strong>de</strong> distúrbios psíquicos: alterações no curso e na associação <strong>de</strong><br />

idéias, exagero e supressão <strong>do</strong>s sentimentos. As manifestações histéricas têm uma<br />

característica marcante: são sempre exagera<strong>da</strong>s. Percebe-­‐se que o jovem tem um<br />

comportamento histriônico. Há, na sua fala, significantes expressivos que dão contorno<br />

<strong>de</strong> um possível diagnóstico <strong>de</strong> histeria: voraz, exagera<strong>do</strong>, escan<strong>da</strong>loso e, em especial,<br />

“<strong>da</strong>r na pinta” – expressão que para ele significa chocar e aparecer, no meio <strong>da</strong> boate,<br />

com roupas diferentes e <strong>da</strong>nças sensuais, sem <strong>da</strong>r bola para ninguém.<br />

2 Alcunha <strong>da</strong><strong>da</strong> aos homossexuais que se e<strong>xi</strong>bem, que são escan<strong>da</strong>losos<br />

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