13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

está fixa<strong>do</strong> a tal ponto que chega a ameaçar fazer um novo furo, um buraco para abrigar<br />

o gozo no real <strong>do</strong> corpo, afinal o que é uma hérnia senão uma rasgadura na carne? No<br />

caso <strong>do</strong> neurótico, entretanto, o sintoma falha porque o sintoma na sua relação com a<br />

estrutura respon<strong>de</strong> on<strong>de</strong> o Outro falta e assume um “valor <strong>de</strong> gozo insuficiente” (Soler,<br />

1991, p. 70-­‐71).<br />

No caso <strong>de</strong> João, o sintoma apresenta duas facetas. Por um la<strong>do</strong> instaura a<br />

repetição como insistência <strong>do</strong> gozo que ultrapassa os limites <strong>do</strong> principio <strong>do</strong> prazer, e<br />

por outro, constitui-­‐se num apelo ao outro, como tentativa <strong>de</strong> encontrar alívio <strong>da</strong> tensão,<br />

ou seja, <strong>da</strong> manutenção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, o que não dá sossego, põe o outro a trabalho (enten<strong>da</strong>-­‐<br />

se aqui o outro como to<strong>da</strong> a sua família, mãe, pai, avô, avó, tios), to<strong>do</strong>s enlouqueci<strong>do</strong>s<br />

com esse sujeito que não quer fazer cocô.<br />

A repetição no sintoma é o que afirma o inconsciente, o que revela a e<strong>xi</strong>stência <strong>do</strong><br />

recalque porque o que retorna é o significante recalca<strong>do</strong>. No caso <strong>do</strong> obsessivo a<br />

repetição assume to<strong>do</strong> o seu valor, pois, como diz Lacan o obsessivo é o sujeito <strong>da</strong><br />

repetição, basta observar suas manobras para transformar o Outro em um simples<br />

outro. Vejamos com Lacan o que é um obsessivo: “É, em suma, um ator que <strong>de</strong>sempenha<br />

seu papel e assegura um certo número <strong>de</strong> atos como se estivesse morto” (Lacan,1956-­‐<br />

1957, p. 26). Atos repetitivos, diga-­‐se <strong>de</strong> passagem, técnicas au<strong>xi</strong>liares e substitutivas <strong>do</strong><br />

recalque às quais Freud chamou <strong>de</strong> anulação e isolamento (Freud, 1926, p. 142). Essas<br />

técnicas tem a função <strong>de</strong> reforçar o recalque e ao mesmo tempo anular o <strong>de</strong>sejo, ou seja,<br />

na tentativa <strong>de</strong> se proteger <strong>da</strong> morte, o obsessivo mortifica o próprio <strong>de</strong>sejo, mortifica o<br />

317

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!