13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

troço, não vai ter ninguém pra me acudir... tenho me<strong>do</strong> que as pessoas esqueçam <strong>de</strong> mim,<br />

esqueçam que eu e<strong>xi</strong>sto” .<br />

Ao falar disso, lembra <strong>de</strong> uma cena conta<strong>da</strong> por sua avó, referente ao aban<strong>do</strong>no que<br />

havia sofri<strong>do</strong> na infância, por sua mãe biológica. Disse que nunca havia conta<strong>do</strong> a ninguém o<br />

me<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser aban<strong>do</strong>na<strong>da</strong> e que até aquele instante não entendia o motivo pelo qual seus pais<br />

<strong>de</strong>ixaram que ela fosse cria<strong>da</strong> por outra família, como <strong>de</strong>monstra em seus relatos: “Tu<strong>do</strong> bem<br />

que a minha avó me tirou <strong>de</strong>la por causa <strong>da</strong> forma irresponsável que ela me criava. On<strong>de</strong> já<br />

se viu <strong>de</strong>ixar um bebê sozinho numa casa. A vovó me disse que tinha meses quan<strong>do</strong> aquela<br />

outra [falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua mãe biológica] me <strong>de</strong>ixou na casa que a gente morava sozinha, <strong>de</strong>ita<strong>da</strong><br />

numa re<strong>de</strong>. A vovó escutou meus gritos fora <strong>da</strong> casa, pediu que arrombassem a porta e<br />

quan<strong>do</strong> ela chegou lá eu estava to<strong>da</strong> caga<strong>da</strong>, mija<strong>da</strong>. Ela ficou revolta<strong>da</strong> com essa situação e<br />

disse pra mamãe que não ia mais ficar lá. Tu<strong>do</strong> bem que a vovó me tirou <strong>de</strong>la, mas ela me<br />

<strong>de</strong>ixou e não me criou porque não quis”. Ao se haver com o significante me<strong>do</strong> (S1), Elisa<br />

pô<strong>de</strong> redistribuir sua economia gozosa, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> falar <strong>do</strong> corpo parar falar <strong>da</strong> história <strong>de</strong><br />

seu sintoma, <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sejo.<br />

Vale ressaltar que tu<strong>do</strong> isso só foi possível porque acreditamos que, em psicanálise, o<br />

trabalho caminha na direção <strong>de</strong> uma escuta que aponte para um sujeito possui<strong>do</strong>r <strong>de</strong> um corpo<br />

erotiza<strong>do</strong> e recoberto pela pulsão e não apenas para um corpo toma<strong>do</strong> simplesmente no campo<br />

<strong>da</strong> biologia. Nicolau (2008) ressalta que é preciso escutar o que po<strong>de</strong> estar para além <strong>da</strong><br />

<strong>do</strong>ença, ou seja, aquilo que está em jogo na afecção psicossomática: uma insistência que<br />

aponta para a dimensão <strong>de</strong> um não querer saber. Trata-se <strong>de</strong> uma operação, na transferência,<br />

que possibilite um enlace com algo <strong>de</strong> sua própria história, promoven<strong>do</strong> uma nova regulação<br />

299

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!