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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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maneira, a instauração <strong>de</strong>sse sintoma em Antônio constitui-se através <strong>de</strong> um para<strong>do</strong>xo entre<br />

um sofrimento e uma solução, entre um conflito e uma satisfação inconsciente. Antônio<br />

incomo<strong>da</strong>va-se por ser gago, contu<strong>do</strong>, obtinha uma boa <strong>do</strong>se <strong>de</strong> satisfação inconsciente com<br />

seu sintoma.<br />

Lacan (1962-63/ 2005), ao formular teorizações acerca <strong>da</strong> inibição, afirma que nela se<br />

exerce um <strong>de</strong>sejo, <strong>de</strong>sejo este oposto àquele que a função satisfaz naturalmente. Seguin<strong>do</strong> este<br />

pensamento, supõe-se que em Antônio, a função <strong>da</strong> fala fora inibi<strong>da</strong> em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> não dizer aquilo que, para o seu Eu consciente, seria intolerável. Em suas palavras:<br />

“Imagine o que eu não falaria se eu não fosse gago!” Antônio parece apontar um <strong>de</strong>sejo<br />

inconsciente que o sintoma vem disfarçar. Resta <strong>de</strong>sta operação um “não dito”, em que,<br />

concomitantemente, o sintoma está para velar e <strong>de</strong>nunciar. Afirma Lacan:<br />

Por que não nos servirmos <strong>da</strong> palavra impedir? É disso mesmo que se trata. Nossos<br />

sujeitos ficam inibi<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> nos falam <strong>de</strong> sua inibição, e nós mesmos o ficamos<br />

ao falar em congressos científicos, mas no dia-a-dia, eles ficam mesmo é<br />

impedi<strong>do</strong>s. Estar impedi<strong>do</strong> é um sintoma. Ser inibi<strong>do</strong> é um sintoma posto no museu<br />

[...] Impedicare significa ser apanha<strong>do</strong> na armadilha e é afinal, uma noção<br />

extremamente preciosa. Implica <strong>de</strong> fato a relação <strong>de</strong> uma dimensão com algo que<br />

vem interferir nela e que no que nos interessa, impe<strong>de</strong> não a função, termo <strong>de</strong><br />

referência, e não o movimento, que fica dificulta<strong>do</strong>, mas justamente o sujeito. [...]<br />

Assim escrevo impedimento na mesma coluna que sintoma (p.19).<br />

Diante disso, observa-se que ao relacionar o termo “inibir” com a expressão<br />

“impedir”, Lacan nos fala que o sujeito é impedi<strong>do</strong>, barra<strong>do</strong>, pelo seu próprio sintoma. Sabe-<br />

se que o sintoma surge <strong>do</strong> conflito entre a pulsão e a cultura. Ao ser castra<strong>do</strong>, o sujeito acaba<br />

sen<strong>do</strong> impedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> obter total satisfação <strong>da</strong> pulsão, sen<strong>do</strong> possível apenas uma satisfação<br />

parcial. Para a <strong>Psicanálise</strong> este “dizer tu<strong>do</strong>” que certamente comportaria um gozo êxtasiante é<br />

<strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> impossível, pois ain<strong>da</strong> que Antônio não fosse gago, ele não po<strong>de</strong>ria falar tu<strong>do</strong>.<br />

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