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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Sen<strong>do</strong> assim, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o fenômeno <strong>da</strong> gagueira em Antônio, como po<strong>de</strong>mos<br />

concebê-lo a luz <strong>da</strong> psicanálise? Para discutir esta questão, vale retomar o texto <strong>de</strong> Freud<br />

(1926/ 1996) intitula<strong>do</strong> Inibição, Sintoma e Ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>, no qual ele nos fala <strong>da</strong> inibição<br />

como sen<strong>do</strong> “uma expressão <strong>de</strong> uma restrição <strong>de</strong> uma função <strong>do</strong> ego” (p. 93), como a função<br />

sexual, a <strong>de</strong> alimentação, <strong>de</strong> locomoção e <strong>do</strong> trabalho. Dito isto, no caso <strong>de</strong> Antônio,<br />

po<strong>de</strong>ríamos atribuir sua gagueira simplesmente como uma inibição?<br />

Se tomarmos como base somente a lingüística ou uso corrente <strong>da</strong> palavra inibição,<br />

diremos que a gagueira <strong>de</strong> Antônio seria apenas uma restrição <strong>de</strong> uma função, a fala. No<br />

entanto, Freud salienta para um mais além <strong>de</strong>sta inibição ao apontar para o fato <strong>de</strong> que uma<br />

inibição, quan<strong>do</strong> patológica, po<strong>de</strong> se constituir como um sintoma, como afirma:<br />

Um sintoma, por outro la<strong>do</strong>, realmente <strong>de</strong>nota a presença <strong>de</strong> algum processo<br />

patológico. Assim, uma inibição po<strong>de</strong> ser também um sintoma. O uso lingüístico,<br />

portanto, emprega a palavra inibição quan<strong>do</strong> há uma simples redução <strong>de</strong> função, e<br />

sintoma quan<strong>do</strong> uma função passou por alguma modificação inusita<strong>da</strong> ou quan<strong>do</strong><br />

uma nova manifestação surgiu <strong>de</strong>sta (FREUD 1926/ 1996, p. 91).<br />

Diante <strong>da</strong> afirmação, é possível dizer então que Antônio, ao trazer ao analista sua<br />

gagueira como queixa, <strong>de</strong>nuncia seu próprio sintoma <strong>da</strong> seguinte forma: “Não sou <strong>do</strong>i<strong>do</strong>, nem<br />

burro, sou gago!”. Ao se dizer gago, en<strong>de</strong>reçan<strong>do</strong> seu sintoma à analista, <strong>de</strong>sejava erradicá-lo:<br />

“A senhora vai ter que <strong>da</strong>r um jeito nessa minha gagueira!”. Entretanto, sabe-se que a<br />

psicanálise não se dirige a eliminação <strong>do</strong>s sintomas, mas sim, toma-os como via <strong>de</strong> acesso ao<br />

<strong>de</strong>sejo, pois só por meio <strong>do</strong> sintoma, ou melhor, <strong>de</strong> sua repetição, é que o analista po<strong>de</strong><br />

apontar para o sujeito a posição que ele ocupa no campo <strong>do</strong> Outro, proporcionan<strong>do</strong> uma<br />

redistribuição <strong>da</strong> economia psíquica e, consequentemente, uma possível resignificação. Desta<br />

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