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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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uma completa irresponsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>: (...) ser possuí<strong>da</strong> por Ulisses sem ligar-se a ele, como<br />

fizera com os outros” (Lispector, 1998 [1969], p.20).<br />

Lóri na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> não seduz ninguém – pelo contrário, acha-se seduzi<strong>da</strong>, pois vive à<br />

procura <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> agra<strong>da</strong>r um homem e assim ver o <strong>de</strong>sejo por ela manifesta<strong>do</strong>.<br />

Ulisses (lembremos que seu nome remonta ao personagem <strong>da</strong> tragédia grega Odisséia,<br />

que venceu os obstáculos com o uso <strong>da</strong> inteligência e controle <strong>do</strong>s instintos) resiste ás<br />

investi<strong>da</strong>s sedutoras <strong>de</strong> Lóri e acaba mobilizan<strong>do</strong>-a <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> que nenhum <strong>do</strong>s cinco<br />

amantes que ela tivera até então haviam feito.<br />

Quan<strong>do</strong> Lóri conhece Ulisses, ela imagina que ele a completa, que ele seja o porta-voz<br />

<strong>do</strong> senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua e<strong>xi</strong>stência: “era como se Ulisses tivesse uma resposta para tu<strong>do</strong>”<br />

(Lispector, 1998 [1969], p.10).<br />

“Aquele sábio estranho que no entanto não parecia adivinhar que ela queria amor”<br />

(Lispector, 1998 [1969] p.8), como to<strong>da</strong> histérica, não correspon<strong>de</strong> a sua <strong>de</strong>man<strong>da</strong>.<br />

Ten<strong>do</strong> naufraga<strong>da</strong> a esperança <strong>de</strong> que Ulisses <strong>de</strong>sse um senti<strong>do</strong> a sua e<strong>xi</strong>stência,<br />

conferin<strong>do</strong>-lhe a plenitu<strong>de</strong> – “Quan<strong>do</strong> esta [esperança] morreu, ao ver que ele não tinha a<br />

menor intenção <strong>de</strong> ensinar-lhe um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> viver”, Lóri se reconhece como sujeito <strong>de</strong>sejante<br />

– “já era tar<strong>de</strong>: estava presa a ele porque queria ser <strong>de</strong>seja<strong>da</strong>” (Lispector, 1998 [1969] p.18).<br />

Ulisses não correspon<strong>de</strong> à <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> Lóri e assim lhe faz li<strong>da</strong>r com a sua própria<br />

falta. Lóri acaba reconhecen<strong>do</strong> que “um ser não transpassa o outro como sombras que se<br />

trespassam” (Lispector, 1998 [1969], p.20). De <strong>do</strong>is não se fazia um; ela seria para sempre<br />

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