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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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<strong>do</strong> pintor pelo pai perdi<strong>do</strong> e a intensificação <strong>de</strong> seu anseio por ele, também suce<strong>de</strong> nele uma<br />

reativação <strong>de</strong> sua fantasia <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z há muito tempo reprimi<strong>da</strong>, e ele é obriga<strong>do</strong> a se<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>la com uma neurose e com aviltamento <strong>do</strong> pai”.<br />

As primeiras sessões eram marca<strong>da</strong>s por um silêncio inicial <strong>do</strong> paciente, quebra<strong>do</strong><br />

após a pergunta <strong>da</strong> analista sobre o que se passava em sua mente. Queixava-se <strong>da</strong> cabeça –<br />

<strong>do</strong>rmência e esquecimento – e <strong>de</strong> <strong>do</strong>res nos joelhos e pernas; alegou não dirigir a palavra ao<br />

outro até que este tome a iniciativa. Na sessão seguinte, o silêncio foi estabeleci<strong>do</strong> e a fala <strong>do</strong><br />

sujeito aguar<strong>da</strong><strong>da</strong>. Ele fitava o olhar à analista e ria, levantan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> assento e caminhan<strong>do</strong><br />

pela sala. Repetiu a cena algumas vezes, apro<strong>xi</strong>mou-se <strong>da</strong> pare<strong>de</strong> e <strong>de</strong>u golpes com a mão. A<br />

abor<strong>da</strong>gem <strong>do</strong> acting, para Sophie <strong>de</strong> Mijolla-Mellor (apud Mijolla, 2005), “avizinha-se <strong>da</strong><br />

noção <strong>de</strong> uma ação que se produz sob a pressão <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos inconscientes e leva a um<br />

comportamento inapropria<strong>do</strong>, até <strong>de</strong>strutivo”. A autora acrescenta que “cumpre ao<br />

psicanalista controlar, graças ao apego transferencial, os impulsos e os atos interativos <strong>do</strong><br />

paciente”.<br />

Nas sessões que se seguiram, o discurso se intensificou. O principal tema era o<br />

sofrimento por conta <strong>da</strong> empresa, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> por ele como responsável central pelo<br />

a<strong>do</strong>ecimento. Levantava-se e caminhava pela sala, não interrompen<strong>do</strong> a fala. Segun<strong>do</strong> o<br />

paciente, estar senta<strong>do</strong> lembrava-lhe a função <strong>de</strong> motorista <strong>de</strong> ônibus e o angustiava mais<br />

ain<strong>da</strong>. Após questionamentos acerca <strong>da</strong> semelhança entre a ca<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> sala <strong>de</strong> atendimento e a<br />

<strong>do</strong> ônibus, ele percebeu que sua ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> era sem fun<strong>da</strong>mento, passan<strong>do</strong>, aos poucos, a<br />

permanecer senta<strong>do</strong> enquanto durasse a sessão. Em comparação com o caso <strong>do</strong> pintor<br />

Haizmann, Freud (1977) afirma que “a catástrofe nos negócios com que ele próprio se sente<br />

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