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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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medicina que tal síndrome talvez esteja liga<strong>da</strong> ao Misoprostrol, substância presente na<br />

medicação ingeri<strong>da</strong> por Julia.<br />

Sentin<strong>do</strong>-­‐se culpa<strong>da</strong> por to<strong>do</strong> mal e sofrimento causa<strong>do</strong> à filha, Julia tentou<br />

protegê-­‐la, cercan<strong>do</strong>-­‐a <strong>de</strong> cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s, preocupan<strong>do</strong>-­‐se <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente e como mesmo<br />

disse “crian<strong>do</strong> Marcela numa re<strong>do</strong>ma <strong>de</strong> vidro”. Acreditava ain<strong>da</strong> que sua filha seria<br />

sempre sua <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Era neste quesito que as supostas limitações apareciam: além<br />

<strong>de</strong> não avançar no <strong>de</strong>senvolvimento escolar, Marcela não casaria, não namoraria nem<br />

mesmo engravi<strong>da</strong>ria. Disse ain<strong>da</strong>: “por um tempo só <strong>de</strong>stinava 'amor <strong>de</strong> mãe' a Gabriel<br />

(seu outro filho), à Marcela, só cui<strong>da</strong><strong>do</strong> e atenção, até que percebi que estava fazen<strong>do</strong> o<br />

mesmo que aconteceu comigo e tinha que mu<strong>da</strong>r”. Julia referia-­‐se a sua história -­‐ aqui<br />

assinala<strong>da</strong> para anunciar que lugar esta mãe oferecia a filha -­‐ também foi fruto <strong>de</strong> uma<br />

tentativa frustra<strong>da</strong> <strong>de</strong> aborto, nunca conheceu o pai, sua mãe lhe <strong>de</strong>ixou num colégio<br />

interno e só lhe visitava ocasionalmente, até que com 5 anos foi morar com a mãe e seu<br />

novo mari<strong>do</strong> a quem reconhecia como pai. Quan<strong>do</strong> seu irmão nasceu, não se sentia<br />

pertencente a esta família e acreditava que só ele era ama<strong>do</strong> pela mãe.<br />

Po<strong>de</strong>mos extrair <strong>do</strong> discurso <strong>de</strong> Julia o que a materni<strong>da</strong><strong>de</strong> lhe remetia e em<br />

consequência disso o lugar <strong>de</strong> filha que ela ofereceu à Marcela. Manter-­‐se grávi<strong>da</strong> e <strong>da</strong>r a<br />

luz a uma menina pareciam remeter às marcas <strong>do</strong> seu lugar <strong>de</strong> filha cuja relação<br />

imaginária com a materni<strong>da</strong><strong>de</strong> se <strong>da</strong>va a partir <strong>de</strong> um “não amor <strong>de</strong> mãe” e aban<strong>do</strong>no,<br />

uma vez que, segun<strong>do</strong> ela, o amor <strong>de</strong> mãe só <strong>de</strong>stinara ao outro filho. Julia não<br />

aban<strong>do</strong>nou <strong>de</strong> fato Marcela, mas também não a consi<strong>de</strong>rou como um sujeito, <strong>de</strong>stinou a<br />

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