13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

política, outro <strong>da</strong>quele que, frágil, vive à sua mercê, quer algum bem para o sujeito. Lembro-<br />

me nesse ponto <strong>do</strong> caso <strong>de</strong> uma paciente interna<strong>da</strong> há déca<strong>da</strong>s no Manicômio cita<strong>do</strong> acima.<br />

Ao iniciarmos o trabalho <strong>de</strong> atendimento à sua família, especialmente à sua mãe, que não a<br />

levava em casa há 11 anos, trabalho que incluía notícias <strong>da</strong><strong>da</strong>s a ela <strong>de</strong>sse mesmo<br />

atendimento, arriscou um apelo que po<strong>de</strong>ria lhe custar a vi<strong>da</strong>: passou a comer somente<br />

enquanto a mãe, que sempre lhe enchia <strong>de</strong> comi<strong>da</strong> durante as visitas, estivesse com ela. Foi<br />

interna<strong>da</strong> na Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Clínica <strong>da</strong> mesma instituição e, entre a vi<strong>da</strong> e a morte, sua mãe nos<br />

disse: “vou levar ela para casa, senão fizer isso, ela vai morrer”. O que me faz lembrar uma<br />

bonita passagem <strong>do</strong> Seminário 8, em que Lacan nos fala <strong>de</strong>ssa ambigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> espécie<br />

humana em ir em direção ao gozo que traz a morte e ao mesmo tempo tenta evitá-la em<br />

direção à perpetuação:<br />

o homem aspira a aniquilar-se para se inscrever nos termos <strong>do</strong> ser. A<br />

contradição oculta, o <strong>de</strong>talhe a se compreen<strong>de</strong>r é que o homem aspira a<br />

<strong>de</strong>struir-se na própria medi<strong>da</strong> em que se eterniza (LACAN, 1992a, p.103).<br />

No lugar <strong>da</strong> castração não reconheci<strong>da</strong> – que aconteceria, por exemplo, se<br />

quiséssemos retirar <strong>da</strong> cita<strong>da</strong> instituição tais pacientes a qualquer custo, fora <strong>do</strong> caso a caso –<br />

impingiríamos um suposto bem ao outro gozan<strong>do</strong> <strong>do</strong> ultrapassamento <strong>do</strong> limite imposto<br />

exatamente pela castração, ao guiarmo-nos pelo cumprimento <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al. Essa paciente nos<br />

recoloca no que inspira a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, que, nos ensina a psicanálise, é a morte, não o amor –<br />

morte que traz a separação entre gozo e corpo que então se mortifica pelo significante que dá<br />

lugar ao sujeito (LACAN, 1992b, p. 160). Se a tivéssemos tenta<strong>do</strong> retirar <strong>da</strong> referi<strong>da</strong><br />

instituição sem suportar esse tempo que oscila na cor<strong>da</strong> bamba <strong>da</strong> clínica, teríamos quiçá<br />

impedi<strong>do</strong> essa reconstrução possível <strong>de</strong> laço que foi feita. Diz Lacan: “a intrusão na política<br />

233

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!