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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral, que é a lei <strong>da</strong> interdição <strong>do</strong> incesto, afirman<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s os<br />

<strong>de</strong>senvolvimentos culturais são apenas conseqüências e ramificações <strong>de</strong>ssa lei primordial.<br />

A relação <strong>do</strong> sintoma com as leis morais<br />

O sintoma emerge como uma forma <strong>de</strong> satisfação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo que o sujeito colocou<br />

como inaceitável pelas leis morais que ele próprio internalizou, porém tal fato se dá por vias<br />

indiretas, substituin<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sejo inaceitável por outro mais aceito eticamente para ele mesmo, e<br />

por isso o sujeito não reconhece o sintoma como que fazen<strong>do</strong> parte <strong>de</strong>le mesmo, mas sim<br />

como algo que surge <strong>de</strong> fora, incomo<strong>da</strong> e <strong>de</strong>ve ser retira<strong>do</strong>. É improvável que os sujeitos<br />

percebam que essa é a forma que o recalque encontra <strong>de</strong> satisfazer a pulsão, pois a satisfação<br />

vem <strong>de</strong> algo que os próprios sujeitos repudiam moralmente.<br />

Freud (1906-1908[1988]) enten<strong>de</strong> por moral as normas sociais impostas aos sujeitos<br />

pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, ele afirma ain<strong>da</strong> que o fator sexual recalca<strong>do</strong> é a base <strong>da</strong><br />

neurose. De mo<strong>do</strong> geral a nossa civilização repousa sobre a supressão <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>sejos. Freud traz ain<strong>da</strong> uma importante observação, afirman<strong>do</strong> que aquelas pessoas que<br />

preten<strong>de</strong>m ser muito “bem-vistas” pela moral são mais atingi<strong>da</strong>s pela neurose, enquanto que<br />

po<strong>de</strong>riam ser mais saudáveis se lhes fosse menos importante a própria reputação.<br />

Em "O mal estar na civilização" (1929[1997]), Freud diz que a civilização nasceu como<br />

forma <strong>de</strong> controlar a pulsão <strong>de</strong> agressivi<strong>da</strong><strong>de</strong> natural ao homem. Porém o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong><br />

civilização lhe impõe restrições e<strong>xi</strong>gin<strong>do</strong> que ninguém fuja a ela, não importan<strong>do</strong> o quanto a<br />

a<strong>de</strong>quação custará ao sujeito. A privação <strong>da</strong> satisfação <strong>de</strong> uma pulsão não se dá impunemente,<br />

se essa per<strong>da</strong> não for economicamente recompensa<strong>da</strong> resultará em uma neurose.<br />

Como já foi dito, a busca <strong>do</strong> homem é pela felici<strong>da</strong><strong>de</strong>, que nunca é obti<strong>da</strong> em sua<br />

plenitu<strong>de</strong>, mas sim em alguns momentos <strong>de</strong> satisfação. Tais momentos po<strong>de</strong>m ser obti<strong>do</strong>s<br />

através <strong>da</strong> realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos e até mesmo em ações repudiáveis pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, porém o<br />

homem civiliza<strong>do</strong> trocou parte <strong>de</strong> suas possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> felici<strong>da</strong><strong>de</strong> por uma parcela se<br />

segurança que a vi<strong>da</strong> em socie<strong>da</strong><strong>de</strong> lhe oferece (Freud, 1929[1997]). Freud diz que a evolução<br />

<strong>da</strong> civilização "po<strong>de</strong> ser simplesmente <strong>de</strong>scrita como a luta <strong>da</strong> espécie humana pela vi<strong>da</strong>"<br />

(1929[1997]p.82). De acor<strong>do</strong> com Freud, concluo que o sintoma surge como efeito necessário<br />

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