13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

precisa se preocupar com esse bem, por que o que estabelece a lei está diretamente liga<strong>da</strong> a<br />

estrutura <strong>do</strong> <strong>de</strong>sejo, que segun<strong>do</strong> Freud é a lei <strong>de</strong> proibição <strong>do</strong> incesto.<br />

Freud (apud LACAN 1959-1960 [1997], p.20-23) interessa-se pela ética <strong>de</strong> maneira<br />

original, manten<strong>do</strong> alguns pré-supostos anteriores, mas principalmente inovan<strong>do</strong> a questão <strong>do</strong><br />

que é o bem. Em Aristóteles esse bem é supremo e por isso não <strong>de</strong>ve ser contesta<strong>do</strong>. Naquela<br />

época, o bem maior, ou seja, o que o homem buscava, era a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong> com um<br />

i<strong>de</strong>al moral. Freud apro<strong>xi</strong>ma-se <strong>do</strong> pensamento Aristotélico somente no que diz respeito à<br />

busca <strong>do</strong> homem pela felici<strong>da</strong><strong>de</strong>, porém diferencia-se <strong>de</strong> tal pensamento na medi<strong>da</strong> que<br />

conceitua a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma forma bastante diferente, ou seja, não contém nenhuma<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, é o prazer <strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> prazer, ou seja, a baixa <strong>da</strong>s excitações e sua<br />

homeostase. Freud vai afirmar que para a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> não há na<strong>da</strong> prepara<strong>do</strong> nem no<br />

macrocosmo, nem no microcosmo, essa é a gran<strong>de</strong><br />

mu<strong>da</strong>nça no pensamento <strong>de</strong> Freud, pois o prazer aqui comporta to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>sejos <strong>do</strong><br />

homem, por mais bestiais que sejam.<br />

Em sua busca pela felici<strong>da</strong><strong>de</strong>, o homem busca Das Ding, algo <strong>da</strong> experiência <strong>de</strong><br />

satisfação que não po<strong>de</strong> ser simboliza<strong>do</strong>. O objeto é perdi<strong>do</strong>. Ele nunca po<strong>de</strong>rá ser encontra<strong>do</strong><br />

por mais que possamos acreditar estar pró<strong>xi</strong>mos <strong>de</strong>le e que po<strong>de</strong>remos vivenciá-lo<br />

novamente. O princípio <strong>do</strong> prazer vai, então, governar a busca <strong>de</strong>sse objeto, porém lhe<br />

impon<strong>do</strong> ro<strong>de</strong>ios que o manterão sempre à distância <strong>do</strong> seu i<strong>de</strong>al (LACAN, 1959-<br />

1960[1997]).<br />

A tese <strong>de</strong> Freud é que a lei moral se afirma contra o prazer, o que po<strong>de</strong> parecer um<br />

para<strong>do</strong>xo, segun<strong>do</strong> ele. Para vali<strong>da</strong>r tal tese, parte <strong>de</strong> um movimento <strong>de</strong> oposição entre o<br />

princípio <strong>de</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e o <strong>de</strong> prazer, mas ao longo <strong>de</strong> sua obra vai colocar a questão para além<br />

<strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> prazer 2 .<br />

Como já foi dito, a ética só po<strong>de</strong> e<strong>xi</strong>stir no convívio em socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e Lacan consi<strong>de</strong>ra<br />

que Freud trouxe avanços com relação ao tema, nos introduzin<strong>do</strong> a lei primordial, o<br />

2 Ver 'Além <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> prazer', FREUD, (1920[1998]).<br />

220

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!