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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Se nos reportarmos ao texto <strong>de</strong> Freud “Uma criança é espanca<strong>da</strong>” (1919), o pai lhe <strong>de</strong>ixa<br />

uma marca, gozo original que se constitui na sua singulari<strong>da</strong><strong>de</strong> e que se repete numa busca <strong>de</strong><br />

re<strong>encontro</strong> com esse gozo original perdi<strong>do</strong>. Lacan vai atrás <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> que se escon<strong>de</strong> por trás <strong>da</strong><br />

marca <strong>do</strong> corpo, apontan<strong>do</strong> para nossa cegueira frente ao real, um real insuportável que se enuncia<br />

pelo meio dizer.<br />

Imbuí<strong>do</strong> <strong>do</strong> espírito <strong>de</strong> que o inconsciente é um discurso, Lacan foi buscar em Freud os<br />

discursos que marcam nossa civilização: governar, educar e analisar. Propõe no texto “De Nossos<br />

Antece<strong>de</strong>ntes” (1966) a retoma<strong>da</strong> <strong>do</strong> projeto freudiano pelo avesso , uma vez que a prática<br />

psicanalítica <strong>de</strong>svela pela palavra a produção incessante <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> pleno <strong>de</strong> gozo, satisfação<br />

pulsional a ser sustenta<strong>da</strong> pelo discurso analítico.<br />

“O avesso <strong>da</strong> psicanálise” foi proferi<strong>do</strong> em meio a um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> turbulência na França,<br />

nos anos 1969-1970, quan<strong>do</strong> os estu<strong>da</strong>ntes questionavam as instituições e o po<strong>de</strong>r, bem como suas<br />

bases, <strong>de</strong>ntre elas, o saber. Aos discursos <strong>de</strong>nominou “quadrípo<strong>de</strong>s”, termo com o qual alu<strong>de</strong> a essa<br />

peculiar formação <strong>de</strong> quatro lugares e quatro termos que giram em uma rotação calcula<strong>da</strong> para<br />

gerar quatro discursos, respectivamente, <strong>do</strong> mestre, <strong>do</strong> universitário, <strong>da</strong> histérica e <strong>do</strong> analista.<br />

No esquema <strong>de</strong> Lacan, ca<strong>da</strong> discurso tem um agente que frente a um outro caracterizam o<br />

laço social. Sustenta<strong>do</strong> por uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o agente age sobre alguém para obter um produto <strong>do</strong> laço<br />

social. No discurso <strong>do</strong> mestre o agente é o senhor (S1) que age sobre o escravo (S2), fazen<strong>do</strong>-o<br />

trabalhar. O produto (a) tem um valor ao qual o escravo renuncia em favor <strong>do</strong> gozo <strong>do</strong> senhor. Esse<br />

discurso é um saber que não sabe, ou seja, é um discurso que <strong>de</strong>nuncia o senhor transmutan<strong>do</strong> o<br />

saber <strong>do</strong> escravo no seu próprio saber. O princípio <strong>de</strong>sse discurso é acreditar-se unívoco, ou seja,<br />

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