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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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mais ser religioso, não preciso mais também <strong>da</strong> minha loucura. Vai ver que a minha loucura<br />

era justamente este ‘ser religioso’: minha mania <strong>de</strong> achar que preciso me sacrificar pelo Pai.”<br />

Aqui veio um silêncio e hesitei quanto ao corte <strong>da</strong> sessão. Segurei um pouco mais e ele<br />

seguiu: “E por falar em Pai, ‘Fiat lux’... Eu me orientava pela luz <strong>do</strong> outro. Mas essa luz<br />

sempre foi minha: eu é que colocava a luz no outro. Não tem luz nenhuma lá.” Cortei a<br />

sessão.<br />

Depois <strong>de</strong>ssa sessão, ele re<strong>de</strong>scobre aos poucos o prazer <strong>da</strong> leitura e, admira<strong>do</strong>r <strong>da</strong><br />

arte, diz permitir-se levar adiante o que julga ser seu maior <strong>de</strong>leite, a experiência estética.<br />

Descobre ain<strong>da</strong> a satisfação que tem ao preparar suas aulas e, em relação ao <strong>da</strong>r aulas,<br />

comenta: “<strong>da</strong>r aulas não precisa ser um jogo <strong>de</strong> lugares – meus alunos não são meus filhos ou<br />

meu pai –, mas sinto ali uma estranha fruição... Engraça<strong>do</strong> dizer isto, mas se ali algo frui, é<br />

porque sou visto: tem ali um olhar que não é o olhar <strong>do</strong> meu pai, mas é um olhar... é só um<br />

olhar.”<br />

Cai o olhar <strong>do</strong> pai, o olhar que se pretendia ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro e universal. O olhar que fica,<br />

esse que é só um olhar, já não é universal, mas esse olhar, embora não ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro e não<br />

universal, nem por isso é uma mentira se ele tem o real por medi<strong>da</strong>.<br />

Este caso me faz questionar, entre outras coisas, se um sintoma não é aquilo que uma<br />

análise po<strong>de</strong> levar <strong>do</strong> morrer <strong>de</strong> trabalhar para o Outro ao fazer-se ver. O gozo parasita <strong>do</strong><br />

morrer <strong>de</strong> trabalhar pô<strong>de</strong>, no fazer-se ver, articular-se não-to<strong>do</strong> à ca<strong>de</strong>ia significante e entrar<br />

no laço sem precisar ser pela via <strong>do</strong> mais-gozar extraí<strong>do</strong> por meio <strong>da</strong> fantasia obsessiva <strong>de</strong><br />

servidão ao pai: <strong>do</strong> morrer <strong>de</strong> trabalhar enquanto sintoma (S1) que tenta, para capturar S2<br />

(tornar a relação sexual possível), fazer a coalescência entre a falta <strong>de</strong> um significante para o<br />

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