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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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que ele respon<strong>de</strong>: “É isso! Eu sempre pilho: pai e filho, pilho! Não tem jeito! E o que eu tenho<br />

que me perguntar é o que fazer com isso...”<br />

Essa interpretação <strong>da</strong> posição <strong>de</strong> gozo a partir <strong>do</strong> equívoco introduzi<strong>do</strong> pelo<br />

significante pilho, trouxe <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos e fez, em algumas semanas, a análise trazer à tona<br />

o objeto <strong>da</strong> fantasia no sujeito cristaliza<strong>do</strong> no olho <strong>do</strong> filho <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> pai: ocorreu-lhe, no<br />

meio <strong>de</strong> uma sessão, a recor<strong>da</strong>ção súbita <strong>da</strong> reprodução <strong>de</strong> um Sagra<strong>do</strong> Coração <strong>de</strong> Jesus, <strong>da</strong><br />

pare<strong>de</strong> <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> sua casa <strong>de</strong> infância, cujo olhar sagra<strong>do</strong>, refleti<strong>do</strong> no espelho <strong>de</strong> seu<br />

quarto, aterrorizava-o, e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ele tirava os imperativos <strong>de</strong> seus sacro-ofícios (sacrifícios).<br />

Seguiu-se a isso um percurso <strong>de</strong> tentativas <strong>de</strong> <strong>da</strong>r senti<strong>do</strong> e esse lugar: uma nova<br />

relação na qual ele se <strong>de</strong>scobriu agin<strong>do</strong> sempre como pai <strong>da</strong> namora<strong>da</strong>; um novo emprego<br />

(“agora vou fazer diferente”) em que quase morreu <strong>de</strong> trabalhar, colocan<strong>do</strong>-se diante <strong>do</strong><br />

patrão numa posição que julgou feminina; reatou laços com o filho <strong>do</strong> primeiro casamento e<br />

se <strong>de</strong>scobriu filho <strong>do</strong> próprio filho por ver que esse apren<strong>de</strong>u a se virar sem o pai (coisa que<br />

ele mesmo dizia jamais ter consegui<strong>do</strong>); tornou-se prove<strong>do</strong>r <strong>de</strong> parte <strong>da</strong> família e viu-se<br />

explora<strong>do</strong> no lugar <strong>do</strong> próprio pai faleci<strong>do</strong>... Enfim, pela tagarelice, i<strong>de</strong>ntificações foram<br />

cain<strong>do</strong> pelo caminho.<br />

Algum tempo <strong>de</strong>pois ele trouxe o seguinte numa sessão, referin<strong>do</strong>-se à religião como<br />

uma prática <strong>de</strong> <strong>da</strong>r senti<strong>do</strong>s à sua submissão: “sem nunca ter si<strong>do</strong> religioso, aqui eu sempre fui<br />

religioso, porque eu sustentava minha loucura buscan<strong>do</strong> sempre um senti<strong>do</strong> para ela. Um<br />

senti<strong>do</strong> não <strong>da</strong>va certo, eu buscava outro; esse não <strong>da</strong>va certo, eu buscava outro. Agora eu<br />

vejo que meu erro não era não encontrar o senti<strong>do</strong> certo. Meu erro era ser religioso. A minha<br />

loucura não tem senti<strong>do</strong>. E se não tem senti<strong>do</strong>, por que eu preciso <strong>de</strong>la? Se eu não preciso<br />

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