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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Consi<strong>de</strong>rações topológicas <strong>da</strong> passagem <strong>do</strong> sintoma ao sinthoma<br />

Conra<strong>do</strong> Ramos 1<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> tentar formalizar algumas questões sobre o sintoma, apresento<br />

fragmentos clínicos <strong>de</strong> um caso e, em segui<strong>da</strong>, meu trabalho <strong>de</strong> teorização <strong>do</strong> mesmo.<br />

Um analisante passou seus anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cifração em torno <strong>da</strong> relação entre três questões:<br />

o que é ser um filho, o que é ser um pai, e como isso se articulava nos seus laços amorosos e<br />

<strong>de</strong> trabalho. Ele fazia <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong> um morrer <strong>de</strong> trabalhar pelo qual repetia o esforço, por um<br />

la<strong>do</strong>, <strong>de</strong> ser reconheci<strong>do</strong> e ama<strong>do</strong> pelo pai cruel e insaciável que teve e, por outro la<strong>do</strong>, um<br />

meio <strong>de</strong> fazer diferente <strong>de</strong> seu pai, toman<strong>do</strong> por filhos aqueles implica<strong>do</strong>s nos efeitos <strong>de</strong> seu<br />

trabalho. Morrer <strong>de</strong> trabalhar era um sintoma que atravessava a sua história significan<strong>do</strong> suas<br />

posições, ora <strong>de</strong> filho, ora <strong>de</strong> pai. Durante anos tomou remédios psiquiátricos por estar sempre<br />

uma pilha <strong>de</strong> nervos. De tanto querer livrar-se <strong>de</strong>sta situação, concluiu que foi por meio <strong>de</strong>la<br />

que se constituiu e que tentava fazer <strong>do</strong> morrer <strong>de</strong> trabalhar uma forma para<strong>do</strong>xal <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

Começou a referir-se ao trabalho como uma estranha satisfação que o fazia sentir-se pilha<strong>do</strong><br />

(<strong>de</strong> pilha, bateria). Pilha<strong>do</strong>, significante que se repetiu em outro momento <strong>de</strong> sua análise,<br />

quan<strong>do</strong> ele se dizia trabalhan<strong>do</strong> sempre para o Outro, que o fazia sentir-se pilha<strong>do</strong> (isto é,<br />

rouba<strong>do</strong>). No início <strong>do</strong> tratamento, ele fazia constantes referências à pilha <strong>de</strong> coisas que tinha<br />

para fazer, mo<strong>do</strong> pelo qual apresentava, angustia<strong>do</strong>, o peso gigantesco <strong>de</strong> suas intermináveis<br />

tarefas. Mas eis que um dia veio a seguinte construção: “acho que não tenho como mu<strong>da</strong>r a<br />

minha relação com o trabalho: eu sempre pilho”. E então eu pontuo: “pai e filho, pilho?!”, ao<br />

1 Membro <strong>da</strong> <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> <strong>Psicanálise</strong> <strong>do</strong>s Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano – Brasil. Membro <strong>do</strong> Fórum São Paulo<br />

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