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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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A psicopatologia explicativa, comunicativa e fenomenológica <strong>de</strong> Karl Jaspers seria um<br />

exemplo <strong>da</strong> foraclusão <strong>do</strong> sujeito fomenta<strong>da</strong> pela e<strong>xi</strong>gência <strong>de</strong> cientifici<strong>da</strong><strong>de</strong>. A percepção e a<br />

compreensão orientam a perspectiva jasperiana ao <strong>de</strong>finir o <strong>de</strong>lírio como juízo<br />

patologicamente falsea<strong>do</strong> e incompreensível. A busca <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> aponta para quão distante<br />

estão Jaspers e Lacan que afirma que “o falasser é uma forma <strong>de</strong> exprimir o inconsciente” 3 , e<br />

que, portanto, ao analista interessa o sem-senti<strong>do</strong>.<br />

Longe <strong>de</strong> propor uma hermenêutica <strong>do</strong> inconsciente, Lacan, no Seminário XI, irá<br />

<strong>de</strong>ter-se na interpretação ressaltan<strong>do</strong> o fato <strong>de</strong>la “não está aberta a to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s” 4 já que<br />

“ela mesma é um não-senso”. Para Lacan, “quan<strong>do</strong> se trata <strong>do</strong> inconsciente <strong>do</strong> sujeito” está<br />

em questão “fazer surgir elementos significantes irredutíveis, non-sense, feitos <strong>de</strong> não-<br />

senso” 5 . Temos já aí uma apro<strong>xi</strong>mação <strong>do</strong> inconsciente real, irredutível, feito <strong>de</strong> não-senso.<br />

Se o falasser é como uma forma <strong>de</strong> exprimir o inconsciente 6 , o saber em questão é um<br />

saber sem-sujeito. O inconsciente só po<strong>de</strong> ser abor<strong>da</strong><strong>do</strong> na análise on<strong>de</strong> não é questão <strong>de</strong><br />

lembrar-se <strong>do</strong> que se sabe, mas <strong>de</strong> um “não me lembro mais disso. Não me re<strong>encontro</strong><br />

nisso” 7 . É nisso que o inconsciente interpreta o analisante e faz <strong>de</strong>le seu interprete.<br />

Ain<strong>da</strong> sobre a interpretação, nos anos 70, Lacan diz que ela não é feita para ser<br />

compreendi<strong>da</strong> já que ela <strong>de</strong>ve ser equivoca 8 . É <strong>de</strong>sta forma que a interpretação age na contra<br />

3<br />

I<strong>de</strong>m.<br />

4<br />

Lacan, J., O Seminário – Livro 11. RJ: Zahar, p. 236.<br />

5<br />

I<strong>de</strong>m.<br />

6<br />

Lacan, J., O triunfo <strong>da</strong> religião. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Zahar,2005, p. 72.<br />

7<br />

Lacan, J., “O engano <strong>do</strong> sujeito suposto saber” (14/12/1967). In: Outros Escritos. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Zahar, p. 337.<br />

8<br />

Lacan, J., “Conférénces et entretiens <strong>da</strong>ns dês universitaires nord-­‐américaines”.In: Scilicet nº 6/7. Paris: Seuil,<br />

1976, p. 35.<br />

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