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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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O corpo civiliza<strong>do</strong> é, portanto, programa<strong>do</strong> pelo discurso. Ele <strong>de</strong>ve ser dócil a estas<br />

prescrições para entrar nas trocas. Encontramos assim no mun<strong>do</strong> atual o que Colette<br />

Soler (2002, p.100-­‐101) chamou <strong>de</strong> “opressão homogeneizante <strong>da</strong> normali<strong>da</strong><strong>de</strong>”. Esta<br />

autora observa um fato clínico importante: se antes os sujeitos vinham à análise porque<br />

tinham dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> para sustentar sua diferença, e isto os dividia, agora temos também<br />

os sujeitos que chegam para pedir a redução <strong>da</strong> sua diferença, pois querem ser como os<br />

<strong>de</strong>mais: belos como Gisele, bem sucedi<strong>do</strong>s como o chefe, eloquentes e <strong>de</strong>senvoltos como<br />

os artistas <strong>de</strong> telenovela...<br />

Curioso é que Gonzalez au<strong>xi</strong>lia seus “pacientes” a se distinguir, a se fazer ímpar,<br />

face à indiferenciação promovi<strong>da</strong> pela “opressão <strong>da</strong> normali<strong>da</strong><strong>de</strong>”. Portanto,<br />

encontramos inúmeras maneiras <strong>de</strong> reagir e fabricar o “fora <strong>do</strong> par” para respon<strong>de</strong>r à<br />

“indiferenciação que nossas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s promovem” (SOLER,1990 [1998], p. 289).<br />

To<strong>da</strong>via, Gonzalez não escapa <strong>da</strong> cila<strong>da</strong>: quer fun<strong>da</strong>r a diferença, mas mesmo para isto é<br />

preciso que seja reconheci<strong>do</strong>. Que não seja pela massa, mas pela tribo <strong>do</strong>s freaks. Isto faz<br />

um laço, isto tem um en<strong>de</strong>reço: quer ser o melhor <strong>de</strong>ntre aqueles que promovem a<br />

diferença. Assim, perguntamos se Gonzalez fun<strong>da</strong> um novo S1: não mais “to<strong>do</strong>s belos ou<br />

to<strong>do</strong>s magros”, mas agora “to<strong>do</strong>s diferentes”. Outra tribo, outra ditadura, outro S1, mas<br />

ain<strong>da</strong> S1!<br />

Ao que parece, não po<strong>de</strong>mos mais falar <strong>de</strong> uma política <strong>do</strong> sintoma, senão<br />

políticas <strong>do</strong> sintoma: substituto <strong>de</strong> uma satisfação, índice <strong>do</strong> real, dissi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m,<br />

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