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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Proust o <strong>de</strong>screveu. Está aí em jogo a função <strong>do</strong> real. Lacan nos traz também que o real está<br />

além <strong>do</strong> automatón, <strong>do</strong> retorno insistente <strong>do</strong>s signos que nos conduzem ao princípio <strong>do</strong><br />

prazer. O gozo que emerge como ressurreição <strong>do</strong> próprio ser. E não se trata <strong>de</strong> felici<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

mas, <strong>da</strong> superação/<strong>de</strong>stituição <strong>do</strong> sujeito pelo real, que supõe a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as suas balisas:<br />

as narcísicas e mesmo as <strong>da</strong> fantasia.<br />

As epifanias po<strong>de</strong>m ser pensa<strong>da</strong>s como estes momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stituição subjetiva, não a<br />

<strong>de</strong>stituição <strong>do</strong> final <strong>de</strong> análise, mas, a experimenta<strong>da</strong> pelos artistas em seu processo <strong>de</strong><br />

criação, quan<strong>do</strong> os objetos se carregam, para eles, <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s ocultos que assumem o caráter<br />

<strong>de</strong> hieróglifos que pe<strong>de</strong>m para ser <strong>de</strong>cifra<strong>do</strong>s. O sabor <strong>da</strong> ma<strong>de</strong>leine para Proust, a força <strong>do</strong>s<br />

corpos para Bacon, o matiz <strong>do</strong>s girassóis para Van Gogh, experiências gozosas recupera<strong>da</strong>s<br />

pelos procedimentos artísticos? A criação artística po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>, parodian<strong>do</strong> Proust,<br />

como busca <strong>do</strong> gozo perdi<strong>do</strong>?<br />

Se pu<strong>de</strong>rmos consi<strong>de</strong>rar a criação artística como possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação <strong>do</strong><br />

gozo perdi<strong>do</strong>, a arte seria, então, para o artista uma escritura <strong>de</strong> si mesmo, mas, sobre a qual<br />

se po<strong>de</strong>ria afirmar o que Lacan disse <strong>do</strong> inconsciente: que nem é, nem não é, pois pertence à<br />

or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> não realiza<strong>do</strong>; é a escritura que cria o sujeito. e ao criá-lo o projeta retroativamente<br />

no tempo, o faz aparecer num passa<strong>do</strong> que nunca e<strong>xi</strong>stiu. E, mais, cria este passa<strong>do</strong> com<br />

aquilo que é recupera<strong>do</strong> como escritura.<br />

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