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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Essa <strong>de</strong>sfiguração <strong>de</strong> corpos, cabeças, faces, não po<strong>de</strong> ser vista como representação <strong>de</strong><br />

objetos, mas como mostração <strong>de</strong> “velhas” experiências sensíveis: “Não pinto esta<strong>do</strong>s d’alma,<br />

mas, esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ser”, insistia Bacon, numa clara crítica à psicologia <strong>do</strong>s afetos. Para falar<br />

disso, o pintor usa uma linguagem que nos remete à or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> pulsional: “níveis sensitivos”,<br />

“<strong>do</strong>mínios sensíveis”, “or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> sensações”, “sequências moventes”.<br />

Voltan<strong>do</strong> à “Carta 52”, Braunstein postula que o primeiro sistema <strong>de</strong> inscrições é o<br />

Isso <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> tópica, cujas características nos permitem distingui-lo <strong>do</strong> inconsciente que já<br />

seria um <strong>de</strong>ciframento <strong>de</strong>ssa escrita primária <strong>de</strong> marcas <strong>de</strong> gozo. O Isso é o conjunto <strong>de</strong><br />

grafismos, império <strong>do</strong> gozo <strong>do</strong> ser, anterior, pois, à organização subjetiva, sen<strong>do</strong> esta efeito<br />

<strong>do</strong> que, no reino <strong>do</strong> significante, consiste na metáfora paterna. O Outro <strong>da</strong> linguagem e <strong>do</strong><br />

senti<strong>do</strong> vem perturbar, obstaculizar e proíbir o gozo.<br />

Mas, assim sen<strong>do</strong>, para o sujeito habita<strong>do</strong> pela palavra, o que restaria <strong>da</strong>quele real<br />

perdi<strong>do</strong>, empali<strong>de</strong>ci<strong>do</strong> pelos processos psíquicos a que é submeti<strong>do</strong>?<br />

É no sistema <strong>de</strong> alíngua que o gozo é cifra<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> alheio à bateria <strong>de</strong> significantes<br />

com significação convencional, que é o muro que obstaculiza o gozo bloquea<strong>do</strong> nos sistemas<br />

<strong>de</strong> inscrição não <strong>de</strong>cifra<strong>do</strong>s, impedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> serem subjetiva<strong>do</strong>s. “A alingua está morta, diz<br />

Soler, mas, vem <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Como po<strong>de</strong>, então, esta multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> inconsistente, inapreensível,<br />

se precipitar na letra, única capaz <strong>de</strong> fixar uma i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gozo?” (p.19)<br />

Isto que parece tão lacaniano, está já evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> na “Carta 52”. Em resumo, o<br />

sistema chama<strong>do</strong> por Freud <strong>de</strong> signos perceptivos (WZ) é um sistema <strong>de</strong> passagem <strong>de</strong><br />

impressões corporais(W) para uma escritura <strong>de</strong>sorganiza<strong>da</strong>, um ciframento caótico em que<br />

não opera a língua <strong>do</strong>s lingüistas, mas a alíngua, cuja significação não é <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>, mas, <strong>de</strong><br />

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