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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Qual o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>stas experiências sensíveis? Com relação às ma<strong>de</strong>leines, no relato<br />

<strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r no romance, em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento, surge a pergunta: “De on<strong>de</strong> me teria<br />

vin<strong>do</strong> aquela po<strong>de</strong>rosa alegria? E, <strong>de</strong> súbito a lembrança apareceu: “Aquele gosto era <strong>do</strong><br />

pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>leine <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tê – lo mergulha<strong>do</strong> no chá <strong>da</strong> índia ou <strong>de</strong> tília que, aos<br />

<strong>do</strong>mingos, minha tia Leonie me oferecia quan<strong>do</strong> ia cumprimentá-la em seu quarto” . E, ao lhe<br />

retornar o gosto <strong>do</strong> pe<strong>da</strong>ço <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>leine molha<strong>do</strong> no chá, o momento epifanico, com ele<br />

também surge a velha casa on<strong>de</strong> moravam, e com ela to<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Combray. Impossível<br />

não pensarna e<strong>xi</strong>gência <strong>de</strong> associação livre no tratamento.<br />

A <strong>de</strong>scrição que Bacon nos oferece <strong>da</strong> gênese <strong>de</strong> suas telas, também nos remete a<br />

esta ressurreição <strong>de</strong> marcas cuja vivaci<strong>da</strong><strong>de</strong> foi apaga<strong>da</strong> pelos processos secundários <strong>de</strong><br />

pensamento. Estas só lhe parecem satisfatórias quan<strong>do</strong> mostram “um tipo <strong>de</strong> imagem<br />

sensorial que faz parte <strong>da</strong> própria estrutura <strong>do</strong> ser e na<strong>da</strong> tem a ver com uma imagem mental”<br />

(160):<br />

Sei que na minha obra, o melhor me veio por acaso – quan<strong>do</strong> fui toma<strong>do</strong> por<br />

imagens que não antecipei. Não sei o que é o inconsciente, mas, há<br />

momentos em que algo emerge em nós. É muito pomposo falar <strong>de</strong><br />

inconsciente, é melhor dizer acaso. Creio na e<strong>xi</strong>stência <strong>de</strong> um caos<br />

profun<strong>da</strong>mente organiza<strong>do</strong>, e na importância <strong>do</strong> acaso. (Sylvester, op.cit.,<br />

p.81)<br />

[...] a única razão para esta irracionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, afirma, é que ela trará muito<br />

mais vigorosamente a força <strong>da</strong> imagem.”<br />

Como exemplo <strong>da</strong> força <strong>da</strong>s sensações e <strong>do</strong> acaso, <strong>de</strong>screve a gênese <strong>de</strong> uma <strong>de</strong> suas pinturas<br />

mais importantes. Ain<strong>da</strong> que lhe ocorresse pintar um pássaro, em gesto rápi<strong>do</strong>, jogou as tintas<br />

sobre a tela, os borrões tomaram uma forma tal que, <strong>de</strong> forma súbita, surgiu-lhe o Papa<br />

Inocêncio,imortaliza<strong>do</strong> em tela <strong>de</strong> Velásquez, mas que na sua surge em nova configuração,<br />

la<strong>de</strong>a<strong>do</strong> por imensas e sangrentas costelas bovinas.<br />

Imagem 4: “Pintura 1946”<br />

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