13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ele, <strong>de</strong> fazer o que Valery preconizava: proporcionar, com minha pintura, emoções sem o<br />

tédio <strong>da</strong> comunicação” (Deleuse, ibid, p. 43)<br />

No entanto, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> absolutamente original, é pela via <strong>do</strong> trabalho figurativo, que<br />

Bacon faz a crítica <strong>da</strong> figuração: apresenta figuras, mas <strong>de</strong>sfigura<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>forma<strong>da</strong>s, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> –<br />

se pensar que, sen<strong>do</strong> uma crítica ao realismo, criam um novo realismo. Como ele mesmo<br />

anuncia, “O que quero fazer é <strong>de</strong>formar a coisa, <strong>de</strong>scartar a sua aparência, mas, nesta<br />

<strong>de</strong>formação reconduzi-la ao registro <strong>da</strong> aparência”. (Sylvester, op.cit., p. 83). Nisto está a<br />

radicali<strong>da</strong><strong>de</strong> e cruel<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong> obra <strong>de</strong> Bacon, o materialismo radical que suporta o seu ato<br />

criativo. 3 IMAGENS<br />

O movimento corta<strong>do</strong>, o permanente efeito <strong>de</strong> mutilação, imagens como que<br />

arranca<strong>da</strong>s aos pe<strong>da</strong>ços <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que vão ornamentar. Massas se concentram, <strong>de</strong>pois se<br />

prolongam, figuran<strong>do</strong> corpos contra to<strong>da</strong> lógica anatômica. Corpos histéricos, po<strong>de</strong>ríamos<br />

dizer. A carne mole, informe, inva<strong>de</strong> o universo <strong>da</strong> pintura baconiana. O envelope corporal<br />

não é impermeável, a carne <strong>de</strong>snu<strong>da</strong><strong>da</strong> é ameaça <strong>de</strong> ferimentos, a epi<strong>de</strong>rme se confun<strong>de</strong> com<br />

as vísceras. A torção <strong>da</strong>s figuras, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> ambivalente, remete a excesso e a falta: a<br />

<strong>de</strong>smedi<strong>da</strong> dionisíaca <strong>da</strong> apresentação <strong>de</strong> corpos e carne faz exceção à razão, mas é<br />

contrabalança<strong>da</strong> pela estrutura apolínea, com ares <strong>de</strong> geometria, com que amarra as figuras<br />

(ou o gozo), e que se repete em to<strong>da</strong>s as telas.<br />

Neste trabalho busco abor<strong>da</strong>r, pela via <strong>da</strong> psicanálise, o que chamei <strong>de</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Bacon, “pintar sensações”. Para isto, tomo como referência principa, <strong>de</strong> Freud, l a “Carta 52”<br />

169

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!