13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A arte é o que há <strong>de</strong> mais real<br />

Sonia Borges 1<br />

“Eu pinto a violência <strong>do</strong> real”, dizia Bacon. Em seu trabalho com os pincéis, Bacon<br />

não dispensa Apolo, mas, serve a Dionísio. Ele próprio reconhece a sua filiação à tragédia<br />

grega, e ao teatro <strong>de</strong> Beckett, trágico mo<strong>de</strong>rno. Nas entrevistas que conce<strong>de</strong>u ao crítico <strong>de</strong> arte<br />

David Sylvester (2007), por mais <strong>de</strong> vinte anos, Bacon <strong>de</strong>screve a gênese <strong>de</strong> suas pinturas,<br />

enfatizan<strong>do</strong> o que po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar como o seu “méto<strong>do</strong>”: pintar sensações. “Pintar<br />

sensações” seria, para ele, uma maneira <strong>de</strong> fazer frente à “violência <strong>do</strong>s clichês”na<br />

constituição <strong>da</strong>s subjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nas formas capitalistas <strong>de</strong> economia. “ Porque a sensação,<br />

afirmava, dirige-se à carne, ao corpo, e menos ao intelecto”( Sylvester, 2007:167). “A arte<br />

abre <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim as válvulas <strong>da</strong>s sensações que me jogam <strong>de</strong> novo à vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma forma<br />

ain<strong>da</strong> mais violenta.” (141) Deleuze, em seu belo livro, “ A lógica <strong>da</strong>s sensações em Francis<br />

Bacon”, recorre à arte <strong>de</strong>ste para <strong>de</strong>senvolver as suas posições filosóficas. A sensação, diz<br />

Deleuze, “é ser – no – mun<strong>do</strong>”: ao mesmo tempo eu me torno na sensação, e alguma cosa<br />

acontece pela sensação, um pelo outro, um no outro. Em última análise, diz o filósofo, é o<br />

mesmo corpo que dá e recebe a sensação, que é tanto objeto, quanto sujeito.”(2007:142)<br />

Esta critica à visão intelectualista <strong>da</strong> arte se presentifica, antes <strong>de</strong> mais na<strong>da</strong>, por sua<br />

recusa <strong>da</strong> pintura com pretensões <strong>de</strong> ilustração, figuração ou narração: “Gostaria muito, dizia<br />

1 Membro <strong>da</strong> <strong>Escola</strong> <strong>de</strong> <strong>Psicanálise</strong> <strong>do</strong>s Fóruns <strong>do</strong> Campo Lacaniano -­‐ Brasil<br />

168

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!