13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

acompanha<strong>da</strong>s <strong>de</strong> muita angústia e comoção. Helena <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>da</strong> analista uma resposta sobre<br />

a razão <strong>de</strong> fazer o que fazia. Porque não dizia que a mãe já estava morta? “Tem <strong>de</strong> haver<br />

alguma razão, sabe eu sinto falta <strong>de</strong>la até hoje. Morrer o pai é difícil, mas a mãe...”<br />

Foram mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos alimentan<strong>do</strong> a fantasia <strong>de</strong> que a mãe estava viva. Uma estratégia<br />

para não sofrer a <strong>do</strong>r <strong>do</strong> luto. Sem per<strong>da</strong>, não há separação. Foi à concreção imaginária <strong>do</strong><br />

objeto <strong>de</strong> amor perdi<strong>do</strong> que garantiu a Helena sustentar a falta que a mãe lhe fez privan<strong>do</strong>-­‐a <strong>de</strong><br />

proteção e amor. A invocação <strong>de</strong>ste espectro assegurava-­‐lhe a ilusão <strong>de</strong> que ela estava viva<br />

suprin<strong>do</strong>-­‐a, <strong>de</strong>sta forma <strong>do</strong> <strong>de</strong>samparo avassala<strong>do</strong>r. Não era uma visão fantasmagórica no<br />

senti<strong>do</strong> clássico <strong>da</strong> palavra: quimérica e assusta<strong>do</strong>ra que aparece inoportunamente. Ao<br />

contrário era uma fixação, uma obsessão protetora que garantia sua sobrevivência <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-­‐lhe<br />

forças para o: “eu aprendi tu<strong>do</strong> na rua, <strong>do</strong> jeito que <strong>de</strong>u, com as amigas”. Levanto aqui a<br />

hipótese <strong>de</strong> que esta não era uma simples falta que se substituiria por algum outro objeto, mas<br />

algo com valor <strong>de</strong> um furo, insubstituível, que fazia <strong>de</strong>saparecer o lugar na combinatória, a falta<br />

no lugar <strong>do</strong> Outro. Helena não conseguiu re-­‐atualizar esta falta fun<strong>da</strong>mental, porque não havia<br />

a condição para isso: não tinha ao seu la<strong>do</strong> o Outro <strong>de</strong>sejante. O lugar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre vazio que<br />

não po<strong>de</strong> ser ocupa<strong>do</strong> pela mãe, ela própria impotente, abriga o seu fantasma como forma <strong>de</strong><br />

cerzidura. “É na medi<strong>da</strong> em que a criança <strong>de</strong>scobre que o Outro <strong>de</strong>seja, que po<strong>de</strong>rá, por sua vez,<br />

<strong>de</strong>sejar sob a forma <strong>de</strong> um objeto que lhe retornaria como falta”. 8<br />

Os momentos <strong>de</strong>stas lembranças provocaram efeitos importantes na análise. A primeira<br />

cena, a <strong>do</strong> sangue, certamente faz referência à dimensão <strong>do</strong> real apontan<strong>do</strong> para um objeto não<br />

8 Nasio, J.-­‐D., Psicossomática – As formações <strong>do</strong> objeto a. 1993 RJ, JZE .<br />

140

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!