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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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falante um corpo simbólico, esteja ele vivo ou morto. Com a sepultura, <strong>da</strong> morte emerge o<br />

símbolo que preserva o corpo <strong>do</strong> ser vivente. O simbólico tem, portanto, relação com a<br />

permanência <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que é humano e <strong>do</strong> próprio homem.<br />

O sintoma, como formação <strong>de</strong> significante, é uma metáfora, construí<strong>da</strong> como uma<br />

frase poética, que vale ao mesmo tempo por seu tom, sua estrutura, seus trocadilhos, seus<br />

ritmos, sua sonori<strong>da</strong><strong>de</strong>. Tu<strong>do</strong> se passa em diversos planos, e tu<strong>do</strong> é <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m e <strong>do</strong> registro <strong>da</strong><br />

linguagem (Lacan, 1953, p.24). Como observa Lacan, os sintomas <strong>de</strong> Dora, caso clínico <strong>de</strong><br />

Freud, são elementos significantes, mas na medi<strong>da</strong> em que sob eles corre um significa<strong>do</strong><br />

perpetuamente em movimento, que é a maneira como Dora aí se implica e se interessa (1956 -<br />

1957, p.149).<br />

Sobre a linguagem, diz Lispector (1999): A linguagem é meu esforço humano. Por<br />

<strong>de</strong>stino tenho que ir buscar e por <strong>de</strong>stino volto com as mãos vazias. Mas – volto com o<br />

indizível. O indizível só me po<strong>de</strong>rá ser <strong>da</strong><strong>do</strong> através <strong>do</strong> fracasso <strong>de</strong> minha linguagem. Po<strong>de</strong>-se<br />

dizer que a linguagem toca o gozo – o indizível, o <strong>encontro</strong> <strong>do</strong> real como mostra o sonho<br />

paradigmático <strong>do</strong> Homem <strong>do</strong>s lobos: “Sonhei que era noite e que eu estava <strong>de</strong>ita<strong>do</strong> na cama.<br />

[...] De repente, a janela abriu-se sozinha e fiquei aterroriza<strong>do</strong> ao ver que alguns lobos<br />

brancos estavam senta<strong>do</strong>s na gran<strong>de</strong> nogueira em frente <strong>da</strong> janela. Havia seis ou sete <strong>de</strong>les.<br />

[...] Com gran<strong>de</strong> terror, evi<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> ser comi<strong>do</strong> pelos lobos, gritei e acor<strong>de</strong>i” (FREUD,<br />

1918 [1914], p. 45).<br />

Além <strong>da</strong> sensação dura<strong>do</strong>ura <strong>de</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que o sonho <strong>de</strong>ixou após o <strong>de</strong>spertar, <strong>do</strong>is<br />

fatores foram <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s pelo paciente: o olhar atento <strong>do</strong>s lobos, como se tivessem fixa<strong>do</strong><br />

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