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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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Isso faz com que eu não trabalhe na minha profissão e não tenha relação sexual com ninguém!<br />

E, coçan<strong>do</strong> a pele, passa a discorrer sobre suas impressões: sentia uma sensação estranha <strong>de</strong><br />

satisfação, quan<strong>do</strong> criança, ao escutar o ruí<strong>do</strong> <strong>da</strong>s unhas <strong>de</strong> sua mãe coçan<strong>do</strong> as costas <strong>de</strong> seu<br />

pai. De súbito, ela associa essa lembrança com a satisfação e o ruí<strong>do</strong> que escuta ao coçar as<br />

próprias feri<strong>da</strong>s <strong>do</strong> corpo. Encerro a sessão com a pergunta: Que ruí<strong>do</strong> é esse no corpo? O que<br />

isso quer dizer?<br />

Para que um dito seja ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro, é preciso ain<strong>da</strong> que se o diga, que haja nele um<br />

dizer, (1972, O aturdito, p. 449). O sujeito A. diz que a cena tinha uma conotação sexual, que<br />

se expressava nos sussurros que seu pai emitia. As feri<strong>da</strong>s servem, então, como barreira, para<br />

me impedirem <strong>de</strong> tocar ou ser toca<strong>da</strong> por outro corpo? – pergunta. Isso é uma contradição:<br />

não faz senti<strong>do</strong>! – afirma, admitin<strong>do</strong> que gosta muito <strong>de</strong> tocar e ser toca<strong>da</strong>. Mas a pele<br />

<strong>de</strong>s/cama<strong>da</strong> continua a coçar, como se quisesse dizer coisas que não são <strong>do</strong> sujeito, para<br />

cessar a sensação in<strong>de</strong>finível que o pruri<strong>do</strong> provoca e o consequente ruí<strong>do</strong> que causa<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m.<br />

O sujeito B., por sua vez, sofre com os <strong>de</strong>sarranjos que o acometem ca<strong>da</strong> vez em que<br />

é confronta<strong>do</strong> com uma situação em que tenha que <strong>da</strong>r prova <strong>de</strong> sua virili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A pré/tensa<br />

relação sexual, como diz, configura-se como o maior <strong>de</strong>les e, só <strong>de</strong> pensar, a barriga começa a<br />

fazer um barulho estranho, ronca sem parar, culminan<strong>do</strong> numa <strong>de</strong>sinteria que o <strong>de</strong>ixa sem<br />

consistência. Ele se lembra <strong>de</strong> que, quan<strong>do</strong> criança, se excitava quan<strong>do</strong> ficava acor<strong>da</strong><strong>do</strong> na<br />

cama escutan<strong>do</strong> barulhos vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> quarto <strong>do</strong>s pais, e só <strong>do</strong>rmia <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ouvir os roncos <strong>do</strong><br />

pai, quan<strong>do</strong> se assegurava <strong>de</strong> que não haveria mais relação sexual entre eles. Isso o ator<strong>do</strong>ava.<br />

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