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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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isso. Eu não consigo dizer”. Pe<strong>de</strong> pra ir lá fora perguntar a um vizinho que o acompanhava e<br />

diz: “a palavra certa é Donabuiu”.<br />

Eu marco que ele lembrou <strong>do</strong> buiu, mas esqueceu o Dona. Digo, Dona também é um<br />

nome <strong>de</strong> mulher. Esse significante surge como S1 que articula um enxame, ponto <strong>de</strong><br />

articulação ligan<strong>do</strong>-se a outros uns que apontam para to<strong>da</strong>s as questões <strong>de</strong> Marcélio:<br />

Donabuiú – Banabuiú – ci<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> o pai matou<br />

Dona – significante que aponta para o feminino<br />

Dedina – a mãe chama-se edina, mas ele escreve assim<br />

Daniel – que, como ele mesmo <strong>de</strong>staca, também escreve com D.<br />

Noutra situação me fala <strong>de</strong> uma cena que assistiu. A irmã mais nova, <strong>de</strong> três anos<br />

ain<strong>da</strong> mama e às vezes <strong>do</strong>rme no peito. Certo dia, conta ele, viu o irmão <strong>do</strong> meio <strong>de</strong>itar na<br />

cama, botar o outro peito para fora e mamar.<br />

Percebemos nessa escansão <strong>do</strong> significantes duas questões se colocam no caso:<br />

1- Marcélio se <strong>de</strong>bate com questões que dizem respeito ao enigma <strong>do</strong> sexo:<br />

sua ascendência, a sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong> materna e a in<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> limites quanto a<br />

isso. A mãe é rapariga? E esses irmãos, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vieram? Po<strong>de</strong>m os filhos<br />

gozar <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> mãe ? porque ela <strong>do</strong>rme? O que po<strong>de</strong> o pai?<br />

2- Seu sintoma, esquecer o que sabia, irrompe por volta <strong>do</strong>s 7 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

num momento em que essas questões se presentificam: nasce a irmã mais<br />

nova, o pai vai ser preso, o irmão é preso.<br />

O que po<strong>de</strong>mos extrair <strong>da</strong>í aponta em primeiro lugar para a atuação <strong>da</strong> pulsão<br />

epistemofílica. Marcélio an<strong>do</strong>u procuran<strong>do</strong> saber, investigan<strong>do</strong> sobre sua origem e a origem<br />

<strong>de</strong>sses irmãos. No texto Leonar<strong>do</strong> Da Vinci e uma Lembrança <strong>de</strong> Sua infância (1910), Freud<br />

afirma que uma fase cheia <strong>de</strong> investigações é freqüente nas crianças pequenas. Elas visam<br />

saber <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vêm os bebês, como eles são feitos? No limite, essas questões apontam também<br />

para a origem <strong>do</strong> próprio sujeitinho: <strong>de</strong> on<strong>de</strong> eu vim? Por que eu nasci? O que eles querem <strong>de</strong><br />

mim?<br />

Marcélio provavelmente an<strong>do</strong>u procuran<strong>do</strong> essas respostas e, posteriormente,<br />

<strong>encontro</strong>u ao longo <strong>de</strong> sua investigação algum limite <strong>de</strong>sse saber. (Esse limite é estrutural,<br />

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