13.04.2013 Views

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Com essas informações novas e conflitantes e como Marcélio continua muito cala<strong>do</strong><br />

durante as sessões, sugiro trabalhar com <strong>de</strong>senhos, ao que ele se mostra muito interessa<strong>do</strong>.<br />

Seguem-se ai várias sessões on<strong>de</strong> ele <strong>de</strong>senha várias pessoas, escreve seus nomes (alguns<br />

corretamente, com uma letra bem capricha<strong>da</strong> – O <strong>de</strong>le, o <strong>do</strong> pai) e outros que ele não<br />

consegue escrever e me pe<strong>de</strong> aju<strong>da</strong> – Daniel e Cibita, uma prima com quem ele gosta <strong>de</strong><br />

brincar) <strong>de</strong>pois me fala sobre o que produziu. Noutras sessões ele recorta as figuras,<br />

formamos arvores genealógicas ou encenamos histórias com os personagens que ele<br />

<strong>de</strong>senhou.<br />

Nesses jogos e <strong>de</strong>senhos o que começa a se <strong>de</strong>linear é a duvi<strong>da</strong> <strong>de</strong> Marcélio sobre<br />

quem é essa família, principalmente sobre esses filho que a mãe teria no interior. Ele diz que<br />

não tem certeza se Daniel é filho ou irmão <strong>de</strong>la, mas acha que são filhos. Ele passa a<br />

investigar isso junto a mãe que explica que eles, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> são seus primos, filhos <strong>de</strong> uma<br />

irmã <strong>de</strong>la.<br />

Outra questão que surge é com relação ao seu nome próprio: “Meu nome é igual ao <strong>do</strong><br />

meu pai e eu não sei porque”, “uma amiga minha falou que esse nome é uma peste”. Certo dia<br />

<strong>de</strong>ixa escapar com um sorriso no rosto que sua mãe (e quase to<strong>do</strong>s na rua) o chamam <strong>de</strong> Bebê<br />

e que ele gosta muito <strong>de</strong> ser chama<strong>do</strong> assim.<br />

Em uma sessão me diz: acho que eu nasci <strong>do</strong>ente, com alguma <strong>do</strong>ença, por que até<br />

meu irmão mais novo sabe mais <strong>do</strong> que eu. Pergunto então: o que você sabe sobre o seu<br />

nascimento? “Eu nasci <strong>da</strong> barriga, me tiraram <strong>de</strong> lá. Tu conhece a novela <strong>do</strong> Zé trovão ? Eles<br />

apostaram uma corri<strong>da</strong>. Se a Ana Raio per<strong>de</strong>sse tinha que <strong>da</strong>r um beijo nele, se ela ganhasse,<br />

num tinha não. Ela per<strong>de</strong>u e eles se beijaram, os cavalos <strong>de</strong>les também, porque tem o mesmo<br />

nome que eles. Pergunto porque ele lembrou disso? Porque foi bom. Acho que é assim, eu<br />

lembro <strong>do</strong> que é bom. O que é ruim eu esqueço”.<br />

Noutra vez, me diz que sua avó man<strong>do</strong>u um reca<strong>do</strong> para seu pai. Os irmãos <strong>do</strong> homem<br />

que ele matou estão queren<strong>do</strong> matar ele. Ele não po<strong>de</strong> ir pescar em... “idubaiu” 4 . A palavra<br />

certa não sai. Ele tenta varias vezes mas automaticamente só sai ‘idubaiu”. Pergunto se ele<br />

quer escrever. Ele escreve: “Dubaiu”. Depois tenta novamente: “Trubaiu”, e me diz: “não é<br />

4 Imagino que ele está fazen<strong>do</strong> referencia ao município cearense <strong>de</strong> Banabuiú.<br />

105

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!