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anais do xi encontro da epfcl|afcl - brasil - Escola de Psicanálise dos ...

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No entanto, diferentemente <strong>de</strong>ssas profissões, o ofício <strong>da</strong> psicanálise vai <strong>de</strong>marcar<br />

uma diferença radical na forma como po<strong>de</strong>mos acolher as vicissitu<strong>de</strong>s pelas quais um sujeito<br />

passa no seu processo <strong>de</strong> aprendizagem. Também reconhecemos que, nos ditos “problemas <strong>de</strong><br />

aprendizagem” há alguma coisa que emperra, há uma pedra no meio <strong>do</strong> caminho. Po<strong>de</strong> ser<br />

que haja aí, para alem <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>do</strong>s pais, um sintoma. Ocorre que sintoma, aqui não é<br />

entendi<strong>do</strong> como um déficit, uma anomalia a ser corrigi<strong>da</strong>. O sintoma, para a psicanálise é um<br />

índice <strong>do</strong> sujeito e <strong>da</strong>s tensões que se revelam entre este e o seu <strong>de</strong>sejo, inconsciente.<br />

O Sintoma na psicanálise<br />

O sintoma já é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, antes mesmo <strong>da</strong> psicanálise, um importante conceito na<br />

medicina. Com Michel Foucault (1980) vemos como este está conceitua<strong>do</strong> no seio <strong>do</strong> projeto<br />

anatomopatológico <strong>da</strong> medicina, on<strong>de</strong> o sintoma sempre correspon<strong>de</strong> a lesão <strong>de</strong> um órgão,<br />

alteração que precisa ser corrigi<strong>da</strong> para reencaminhar o organismo em direção à normali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A psicanálise nasce <strong>de</strong> um <strong>encontro</strong>: aquele que se dá entre Freud e o sintoma <strong>da</strong>s<br />

histéricas. Destituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> lugar no saber médico, com Freud o sintoma ganhou estatuto <strong>de</strong><br />

mensagem. Porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> um texto que remete ao sexual, ou melhor, a uma falha no sexual.<br />

Alem disso, Freud também afirma que os sintomas neuróticos são resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um conflito.<br />

Na premência constante <strong>da</strong>s pulsões, algo não po<strong>de</strong> ser aceito ou por ser incompatível com o<br />

eu ou por afrontar seus padrões éticos. A libi<strong>do</strong> insatisfeita é obriga<strong>da</strong> a aban<strong>do</strong>nar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e buscar outras vias <strong>de</strong> satisfação. Daí temos uma outra peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> sintoma em Freud. O<br />

sintoma é um acor<strong>do</strong>, uma peça <strong>de</strong> ambigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> engenhosamente escolhi<strong>da</strong>, com <strong>do</strong>is<br />

significa<strong>do</strong>s em completa contradição mutua. (FREUD, 1916, p.421) Assim, a libi<strong>do</strong><br />

consegue encontrar alguma satisfação, embora seja uma satisfação que mal se reconhece<br />

como tal.<br />

Lacan também se interessou por essa face <strong>de</strong> carta en<strong>de</strong>reça<strong>da</strong> ao Outro (face<br />

simbólica <strong>do</strong> sintoma), mas também soube extrair <strong>da</strong>í a dimensão <strong>de</strong> gozo que o sintoma<br />

presentifica, apontan<strong>do</strong> para uma face real <strong>do</strong> sintoma. No texto intitula<strong>do</strong> “A Terceira”<br />

Lacan (1974, p.24) afirma: o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> sintoma é o real, na medi<strong>da</strong> em que ele se atravessa<br />

aí para impedir que as coisas an<strong>de</strong>m, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que elas dão conta <strong>de</strong> si mesmas <strong>de</strong><br />

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