MAIRA GUEDES PILTCHER RECUERO INVESTIGANDO ...
MAIRA GUEDES PILTCHER RECUERO INVESTIGANDO ...
MAIRA GUEDES PILTCHER RECUERO INVESTIGANDO ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
“Porque é pessoa que eu conheço assim... e era a primeira vez dela. E com<br />
a outra era uma prostituta. Se eu não conheço a pessoa eu sempre vou usa por<br />
gravidez e por doença” (Eduardo, 16 a.).<br />
Como mencionado, quando discorremos sobre o significado de DSTs/AIDS<br />
aos adolescentes, observamos que essas doenças se apresentam distantes da sua<br />
realidade, isto é, usar preservativos faz sentido aos adolescentes se a relação<br />
sexual estiver ligada a uma situação de risco ou a um grupo de risco, porque, assim,<br />
aproxima-os da doença.<br />
Viegas-Pereira (2000), em sua pesquisa, sustenta que os adolescentes<br />
consideram a AIDS como uma epidemia distante, gerando neles uma menor<br />
percepção de risco. Portanto, ao se aproximarem de algo ou alguém que torna a<br />
doença mais próxima, a prevenção faz-se necessária. “E assim a maioria das<br />
pessoas vai pela vida, adotando ou não medidas de prevenção, julgando cada caso<br />
com critérios que muitas vezes variam enormemente” (SEFFNER, 1998-a, p.5).<br />
Porém, quando a doença permanece distante aos olhos do adolescente,<br />
como no caso de “conhecer” o parceiro, a possibilidade de uso do preservativo é<br />
rapidamente abandonada:<br />
“Acho assim, quando conhece a pessoa assim... se tu conhece bem... acho<br />
que não precisa usa” (Renato, 16 a.).<br />
18 a.)<br />
“Acho que tem que olha pelo jeito delas, tem que conhecer bem” (Ricardo,<br />
“E quando é só ficante?”, interveio a pesquisadora.<br />
“Tem que usa por medo de gravidez e doenças” (Ricardo, 18 a.).<br />
“Quando é namoro é que muda?” perguntou a pesquisadora.<br />
“É” (Ricardo, 18 a.).<br />
Em seu estudo, Merchám-Hamann (1995) observa que a maioria de seus<br />
entrevistados de sexo masculino acredita ser possível saber, pela aparência física,<br />
quando uma pessoa está com AIDS. Ademais, quando confiam no parceiro, não é,<br />
segundo eles, necessário o uso de preservativos.<br />
Viegas-Pereira (2000) explica que as pessoas consideram comportamento<br />
preventivo o fato de conhecerem o parceiro, e isso se baseia no comportamento<br />
sexual do/da outro/a e no tempo de relacionamento. O conhecer o/a outro/a estimula<br />
a confiança, a qual parece se tratar de um sentimento importante, contribuindo à<br />
decisão de usar ou não preservativos.<br />
73