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MAIRA GUEDES PILTCHER RECUERO INVESTIGANDO ...

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Betina (17 a.) afirmou que exigia o uso, no entanto, a relação aconteceu<br />

independentemente dessa vontade, associada também ao impulso:<br />

(Betina, 17 a.).<br />

“[...] mas tu vai indo, vai indo e quando vê já foi e tu não exige... sei lá”<br />

“Eu só fiquei mesmo com três. Dois perguntô e um não perguntô. O último<br />

disse que sabia que eu não tinha nada, aí não usei” (Renata, 16 a.).<br />

Conforme se percebe, embora Renata não soubesse se o parceiro tinha<br />

alguma doença, isso não era relevante.<br />

Ayres (1996, p. 20) salienta a importância das relações de poder entre os<br />

diversos sujeitos sociais: “A questão de gênero é, portanto, uma das mais<br />

fundamentais situações de relação de poder que precisam ser consideradas na<br />

discussão da vulnerabilidade”.<br />

Se nos reportarmos ao início de disseminação da AIDS, as únicas mulheres<br />

consideradas suscetíveis a ela eram as prostitutas, ou melhor, pertencentes a “grupo<br />

de risco”: a boa mulher vive em casa, lugar limpo e protegido. No entanto, com a<br />

feminização da epidemia, observa-se que ela está acometendo a todas, casadas,<br />

solteiras, pertencentes a diferenciadas faixas etárias (SEFFNER, 1998-d).<br />

Essa construção imposta pela sociedade demonstra um aspecto de<br />

dificuldade na negociação das mulheres à prevenção. Seffner (1998-d) exemplifica<br />

bem tal aspecto quando cita os casos de homens que mantêm relações, fora do<br />

matrimônio, com mulheres casadas, e não usam preservativo porque estas não<br />

pertencem a “grupo de risco”. Logo, pode-se inferir que somente o usarão se<br />

mantiverem relações sexuais com prostitutas.<br />

Viegas-Pereira (2000), em sua pesquisa, explica que as meninas têm uma<br />

percepção de risco de contrair o HIV menor que à dos meninos. O fato se deve ao<br />

não-treinamento dessa percepção, pois os pais agem de forma mais liberal com os<br />

filhos, e mais conservadora com as filhas. Assim, no campo da sexualidade, as<br />

mulheres sujeitam-se a ocupar uma posição subalterna na organização da vida<br />

social.<br />

Por conseguinte, a vulnerabilidade feminina aumenta com a não-viabilidade<br />

de negociação e domínio de suas relações em termos de fidelidade mútua e do uso<br />

de preservativos pelo homem (TAQUETTE et al, 2005).<br />

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