MAIRA GUEDES PILTCHER RECUERO INVESTIGANDO ...
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outra surrada expressão, de que certamente cada um de nós já<br />
fez uso alguma vez (AYRES, 2001, p.4).<br />
No entanto, será esse sujeito que está no centro de nossos trabalhos de<br />
prevenção, ou é o sujeito o qual almejamos encontrar por intermédio das propostas<br />
de educação em saúde cujo objetivo é proporcionar meios para sua construção?<br />
Ademais, é preciso que se encontre um caminho a todas as necessidades,<br />
como a construção de cidadãos capazes de exercer sua cidadania e se prevenirem<br />
de DSTs/HIV. Podemos pensar que o ponto de convergência é a educação e, dessa<br />
forma, cabe refletirmos sobre tal aspecto.<br />
Sabemos que o modelo predominante nas práticas de educação em saúde<br />
segue a perspectiva de transmissão do conhecimento especializado, ou seja, um<br />
sujeito detém e ensina à população leiga, cujo saber individual e cuja história de vida<br />
são ignorados. Assim, para aprender o que sabemos, devemos “desaprender” o<br />
aprendido no cotidiano da vida (MEYER, 2006).<br />
É nesse contexto discursivo que formas definidas como “certas” e<br />
“erradas” de viver são compreendidas como decorrência do domínio ou da<br />
ignorância de um certo saber e a educação, assentada no pressuposto da<br />
existência de um sujeito humano potencialmente livre e autônomo, passa a<br />
ser concebida e exercitada como processo de instrução (passiva) para o<br />
exercício do poder sobre a própria saúde. Esse processo tem como objetivo<br />
central a mudança (imediata e unilateral) de comportamentos individuais a<br />
partir de decisões informadas sobre a saúde, em um contexto onde se<br />
exercita uma forma de comunicação de caráter basicamente<br />
cognitivo/racional (MEYER, 2006, p. 4).<br />
Como bem explica Pinto (2000), trata-se de um modelo em que um indivíduo<br />
impõe formas de prevenção para o outro, expondo uma relação de dominação entre<br />
o produtor de conhecimento, o benfeitor, e o que precisa se prevenir. Por isso, por<br />
ser destituído de qualquer reflexão de conhecimentos e práticas de vida do grupo,<br />
não alcança resultados esperados.<br />
Daí a necessidade de um modelo libertador, desocultador da<br />
realidade, que propicie a reflexão sobre o próprio poder das pessoas em<br />
refletir e em desenvolver esse poder de reflexão, que fatalmente resultará<br />
na sua capacidade de opção e decisão (PINTO, 2000, p. 85).<br />
Pinto (2000, p. 85), citando Paulo Freire, autor de Educação como Prática da<br />
Liberdade, relata com clareza os caminhos da educação para construir do cidadão:<br />
“as atitudes optativas só o são em termos autênticos na medida em que resultem de<br />
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